Reportagem Mumford & Sons em Lisboa
Foi à boleia de Sigh no More que se estrearam em palcos portugueses, quando prometiam tornar-se num caso sério de sucesso. Sete anos passados e os Mumford & Sons tiveram finalmente as honras de se estrearam na maior sala de concertos em Portugal, a Altice Arena.
Para a ocasião, o espectáculo previa-se grandioso: uma superprodução com um palco circular de 360°, quatro televisores gigantes espalhados pela sala, um sensacional e variado jogo de luzes e todo o cardápio de diferentes instrumentos - sopros incluídos. A noite pode não ter esgotado, é um facto, mas andou lá perto.
Delta, quarto longa-duração da banda londrina, seria o principal mote da noite, e foi com este que a noite abriu, ao som de “Guiding Light”. Porém, a revista aos êxitos do passado não se fez em tardar, com “Little Lion Man” e “The Cave” praticamente tocados de rompante. Se abrir com dois dos seus maiores hinos certamente deixou o pouco rendido, ficou no ar a sensação de terem sido lançados demasiado precoces, perdendo-se um pouco a mística do melhor ficar reservado para o fim.
O indie folk que durante anos caracterizou os Mumford & Sons desvaneceu-se um pouco em Wilder Minds, com “Tompkins Square Park” a chegar a sonoridades bem mais “à lá rock ‘n’ roll” do que aquela pureza a que nos acostumaram. Todavia, a exploração desta nova faceta eleva os londrinos a um estatuto de banda de estádio, de cabeça de cartaz dos principais festivais por esse mundo fora. Como tal, há o sempre bonito e clichê momento da luzeta do telemóvel no ar - “Believe” - ou os 100 Metros Altice Arena, em que Marcus Mumford percorreu a sala de uma ponta à outra pelo meio do público.
Por falar em público, é impossível não mencionar a heterogeneidade que preencheu a Altice Arena, com especial atenção para as inúmeras famílias que se avistavam; afinal o dia tinha sido de feriado. De realçar, ainda, o respeito demonstrado pelo público para com os novos temas que, apesar de recentes, tiveram a merecida atenção, com particular destaque para “Beloved”.
Já no encore, que sucedera “The Wolf”, o respeito do público deu origem a silêncio absoluto num momento acapella que juntou “Timshel” a “Forever”, apenas acompanhada pelas vozes do quarteto. Reminiscente ao ingénuo e apaixonante folk de Sigh No More, “Awake My Soul” arrecadou o galardão de momento mais emotivo da noite, uma pechincha para os fãs de longa-data, aqueles que não pararam de cantar durante grande parte do concerto.
Para estes, o derradeiro momento viria ao som da inconfundível “I’ll Wait”, unindo a Altice Arena em uníssono e soltando um ambiente festivo que se prolongou para o término da noite, que seria feito através de “Delta”.
“Obrigado Lisboa, nós adoramos-vos”. Nós também Marcus, nós também.
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sábado, 04 maio 2019