Reportagem Possessed em Lisboa
Nem o cancelamento em cima da hora, dos noruegueses Nordjevel, impediu que esta fosse uma noite histórica e memorável.
A primeira vez dos pioneiros do death metal, Possessed, na cidade de Lisboa, ficou marcada por um desfilar de clássicos. Mas já lá vamos.
A abertura do concerto ficou a cargo dos portugueses Burn Damage, liderados por Inês Freitas, que nos brindou com guturais de se tirar o chapéu, dando voz à sonoridade com influência thrash e death, mas com mais groove e modernidade do que a dos headliners. Estes lisboetas protagonizaram um espetáculo poderoso e irrepreensível, com temas como "Slaughterhouse of Cowards" e "Beyond Good and Evil", entre outros, a darem uma boa amostra da sua proposta musical a um público que maioritariamente não os conhecia. De referir que Inês afirmou que era uma enormíssima honra para a banda, ter ficado encarregue da abertura do concerto de Possessed. A atuação dos Burn Damage beneficiou também de ter acontecido mais tarde do que o que estava inicialmente programado, devido ao cancelamento dos Nordjevel devido a um problema com o tourbus, tendo assim a banda nacional tocado para uma sala já muito bem composta.
Foi já com uma sala cheia e impaciente que os Possessed entraram em palco. A banda atrasou-se devido aos problemas com o tourbus e devido às limitações físicas de Jeff Becerra e nem todas as pessoas mostraram compreensão ou conhecimento do que se estava a passar. A partir do momento em que a lendária banda entrou em palco e começou a tocar os seus clássicos e os excelentes temas do seu novo álbum, tudo o resto tornou-se secundário. "No More Room in Hell" deu o mote para o início do mosh que se manteve durante praticamente todo o concerto. Becerra conquistou um público que se apercebeu que o vocalista estava genuinamente contente por ali estar a cantar a sua música para os fãs. O lider desta encarnação da banda que conta apenas com este membro fundador, demonstrou também uma grande simpatia ao tocar por algumas ocasiões nas mãos dos fãs que se encontravam na fila da frente. Jeff Becerra conta atualmente com um conjunto de músicos extremamente competente, que o acompanham ao vivo e com os quais gravou "Revelations of Oblivion", o novo álbum que foi lançado recentemente após mais de três décadas sem música nova.
O maior elogio que se pode fazer a esse álbum é que, ao vivo, os temas novos nada ficaram a dever aos clássicos presentes quer no seminal "Seven Churches", quer em "Beyond the Gates" ou no EP "The Eyes of Horror". As músicas novas fizeram juz ao legado da banda, soaram a Possessed serem propriamente uma imitação do passado. Se na velha "Evil Warriors" Becerra imitou o público e também fez headbang, na nova "Abandoned" os papéis inverteram-se e o vocalista virou o microfone para os fãs, para estes cantarem o refrão da música. Na excelente "Graven", cujo tema foi alvo de um videoclipe, os fãs vibraram como se de um clássico se tratasse e numa das mais emblemáticas faixas, "The Exorcist", foi intensa e arrepiante. Músicas como esta valiam a noite para qualquer fã de death metal old school mas havia mais. "Fallen Angel", "Death Metal", "Swing of the Axe", "Burning in Hell" e "My Belief" formaram um quinteto de clássicos interpretados por uma banda incansável e que confirmaram esta noite como uma daquelas que são para mais tarde recordar como sendo das melhores. Obrigado pelo death metal.
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terça-feira, 25 junho 2019