Reportagem Eddie Vedder em Lisboa
São já onze as passagens de Eddie Vedder por Portugal. O clichê levar-nos-ia a dizer que “sabe tão bem como a primeira vez”. Nem somos muitos de cair neste erro, mas a passada quinta-feira teve um sabor especial, ou não fosse a estreia da voz dos Pearl Jam em sala fechada por Portugal, isto depois de passagens pelo MEO Sudoeste e Super Bock Super Rock.
Nem um ano se passou desde a última passagem de Eddie Vedder por palcos portugueses, com a esgotada passagem no NOS Alive dos Pearl Jam ainda bem fresca na memória. Mas lá está, a oportunidade de ver a voz da geração da década de 90 foi motivo mais do que suficiente para esgotar a Altice Arena o Pavilhão Atlântico.
Para esta tournée em que o ‘íntimo’ servia como principal mote da coisa, a sala de concertos junto ao Tejo tornou-se numa festa privada de Vedder, com os portugueses como convidados. Como tal, o músico repetiu a gracinha do NOS Alive de recorrer a cábulas para tentar comunicar em português com o público; “vocês sabem como eu gosto de cá estar” diria em português meio impercetível. Perdoamos-lhe pelo esforço.
Ao longo das noites que antecederam a de Lisboa, o cardápio da tournée fez-se maioritariamente de versões – Tom Petty, The Clash, Cat Stevens, The Beatles, etc. Não é segredo nenhum que Eddie Vedder nutre um carinho especial por Portugal, e como prova desse afecto, saiu a sorte grande a todos aqueles que queriam ouvir canções de Pearl Jam no seu estado mais simples e puro, ou seja, só de voz e guitarra/ukelele/viola acústica/teclado.
“Just Breathe”, “Immortality”, “Wishlist”, “Black” ou “Better Man” foram apenas alguns dos grandes clássicos da autoria da icónica banda de Seattle que se ouviram por Lisboa. Naturalmente, a reação do público fez-se em crescendo, com os mais devotos a soletrarem todas as letras de canções que marcaram as suas juventudes – a faixa dos ‘entas era a mais representada.
Na teoria, era um concerto sentado, mas perdeu-se a conta à quantidade de vezes que se viu a sala toda de pé. Ora fosse para acompanhar a canção em questão, exprimir o que lhes fosse na alma ou uma ovação para Vedder, assim como para a deslumbrante e competente Red Limo String Quartet, que daria o ar de sua graça em celebradas versões instrumentais de “Alive” e “Jeremy”.
Mesmo já contando com dois discos a sós, pouco se ouviu destas aventuras de Vedder, apesar de “Long Nights”, “Far Behind”, “Satellite” e “Society” terem dado sinais de presença. No fim, acabaria por não importar muito, ou não fosse aquela uma noite para reviver memórias de Pearl Jam. Os fãs deliraram e nós saímos rendidos. No final, ganhámos todos.
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sexta-feira, 28 junho 2019