Reportagem Tool em Lisboa
Muito tempo tiveram de aguardar os fãs portugueses dos Tool, por um concerto do famoso quarteto. Para sermos mais exatos, 13 anos de espera para este concerto, na Altice Arena, local onde se tinham apresentado na última ocasião. Para o novo álbum ainda terão de esperar quase dois meses, porque este sai a 30 de agosto. De qualquer modo, neste espetáculo há muito esgotado, já houve música nova, mas já lá vamos.
Às 20:00, aquando do começo da atuação dos ilustres desconhecidos Fiend, os balcões ainda se encontravam algo despidos, apesar da abertura de portas se ter dado pelas 18:30. Imensas pessoas ainda se encontravam no exterior da Altice Arena, sem muita pressa para entrar, por saberem que a sua banda de eleição, só iniciava a sua atuação pelas 21:00. Os que não estavam presentes perderam um bom concerto, protagonizado uma banda que deixou uma imagem positiva aos muitos fãs de Tool, que já se encontravam em bom número na plateia.
Meia hora de música densa e por vezes lenta, não deu tempo para aborrecer um público, que aplaudiu as músicas. Tendo em conta que a sonoridade entre o stoner, doom e sludge praticada pelo grupo francês é bastante distinta de Tool, a reação podia ter sido pior.
Poucos minutos após a hora marcada, entrou em palco aquela que é uma das bandas mais singulares da música pesada.
Mais de uma década sem lançar álbuns podia ser fatal para outras bandas, mas a qualidade de registos discográficos como "Undertow", "Ænima", "Lateralus" e "10,000 Days" não foi esquecida pelo público nacional, que fez questão de encher a Altice Arena, para receber os Tool.
É difícil descrever um concerto desta banda. O excelente jogo de luzes, aliado às imagens que são projetadas e à enorme capacidade interpretativa, a roçar a perfeição, dos seus já perfeitos temas, torna esta uma experiência especial, que vai muito para lá de um simples concerto de rock ou metal. Isto para não falar de que, neste concerto, todo o público esteve realmente a sentir a música, em vez de viver o espetáculo através de um ecrã de telemóvel. Havia essa proibição de fotografar e filmar o concerto, o que foi cumprido pela grande maioria do público, sendo que Maynard James Keenan retirou essa proibição, na última música, devido ao bom comportamento dos presentes. Sem quaisquer distrações, este concerto tornou-se seguramente ainda mais memorável e o público de outros concertos devia seguir este exemplo, e esquecer o mundo digital por uma ou duas horas.
Os Tool são enormes músicos, mas não são rockstars, no mau sentido da palavra, principalmente Maynard, sempre discreto, ao lado do baterista e sem as luzes a incidir sobre ele. Aqui o que importou foram as experiências auditiva e visual. A banda encontrava-se ali somente para interpretar a sua arte e não necessitou de espalhafato nem de frases feitas para agradar ao público. Os Tool são diferentes e os seus fãs sabem disso e por isso não estranharam a ausência de comunicação.
Afinal de contas, o que podiam os fiéis seguidores da banda pedir mais além de ouvirem clássicos como "Ænema", "The Pot", "Parabola", "Schism", "Intolerance", "Jambi", "Forty Six & 2", "Vicarious" e "Stinkfist" tocados eximiamente e ainda ter havido a benesse de terem escutado duas músicas do tão aguardado próximo álbum, as longas "Descending" e "Invincible" que parecem manter os Tool num caminho de singularidade e evolução. Agora é esperar pelo novo álbum e rezar para que Maynard James Keenan, Adam Jones, Danny Carey e Justin Chancellor regressem a Portugal com uma maior brevidade do que anteriormente, para mais um espetáculo transcendental.
-
quinta-feira, 04 julho 2019