Reportagem Volbeat em Lisboa
Danko Jones
Previa-se uma grande noite de música, no Coliseu de Lisboa, devido a três proeminentes nomes do rock pesado deste milénio. Os Volbeat, Baroness e Danko Jones dispensam apresentações e juntos representavam um cartaz fortíssimo e eclético.
Esta tarde/noite de concertos iniciou cedo, pelas 19:30, com o power trio liderado por Danko Jones a dar um espetáculo curto, ainda mais tendo em conta a valia da banda, mas de grande intensidade. "I Gotta Rock" logo no princípio contagiou com a sua eletricidade e simplicidade até o mais cético dos espectadores mas foi naturalmente com a famosa "First Date" que o grupo obteve as melhores reações. Danko Jones agradeceu ao público que se deslocou cedo para este show de rock n' rool e também aos cabeças de cartaz dinamarqueses por os levarem em tour. Na verdade durante a atuação destes canadianos o Coliseu ainda se encontrava algo despido mas Danko e companhia não se importaram com esse facto e continuaram a debitar temas com toda a energia num concerto que só peca por curto. De resto estes Danko Jones com esta atuação acordavam até um morto. Um verdadeiro furação que passou por Lisboa.
Aquando do princípio do concerto dos Baroness, o Coliseu de Lisboa já se encontrava muito mais composto, o que indicava que muito público estava no recinto para ver o quarteto americano. E quem esteve presente para ver a banda de John Baizley terá ficado seguramente satisfeito pelo concerto ter durado cerca de uma hora, o que terá compensado o facto de na anterior ocasião em que o grupo passou por Portugal, o concerto ter sido forçosamente em formato acústico, devido à não presença do baterista, por motivos pessoais. John Baizley e Gina Gleason mostraram que, neste momento, formam uma dupla de respeito quer a nível das guitarras quer no capítulo vocal, onde soaram muito bem ao vivo, nos temas do seu mais recente álbum, "Gold & Grey", o trabalho mais representado neste espetáculo. Gina até parece que está na banda desde sempre e até foi ela que nalgumas vezes incentivou o público a participar no concerto. Nada a dizer sobre a entrega desta banda, que se divertiu em palco e não deu mostras de vedetismo. A parte final com o trio de temas "Shock Me", "Isak" e "Take My Bones Away" foi particularmente apreciado.
Os Volbeat já contam com dezoito anos de carreira anos e sete álbuns. Até parece que foi ontem que esta banda começou a ficar relativamente conhecida com músicas como "Sad Man's Tongue", "The Gardens Tale" e "Radio Girl" presentes no seu segundo disco. No entanto passou bastante tempo e estes dinamarqueses que agora contam com um membro norte-americano, Rob Caggiano (ex-Anthrax), têm subido a pulso e neste momento fazem bastante sucesso em vários países da Europa e nos Estados Unidos. Não se sabia era ao certo qual era a popularidade do grupo em Portugal, tendo em conta que a única passagem destes por Portugal foi há 9 anos, quando abriram para os Metallica nas duas datas que a maior banda de metal deram no então Pavilhão Atlântico. Quem quer que estivesse céptico acerca da moldura humana que os Volbeat iam encontrar no Coliseu dos Recreios, ficou esclarecido, pois os dinamarqueses encontraram à hora do seu espetáculo, uma sala que não estava esgotada, mas extremamente bem composta. Numa altura em que há quem diga que o rock está morto, é ótimo presenciar a concertos com muito público por parte de bandas que despontaram já durante este milénio, como foi o caso dos Volbeat e das bandas que os antecederam. A sonoridade dos dinamarqueses que vai desde o metal ao rockabilly conquistou o público português logo ao segundo tema, que não se acanhou e cantou "Lola Montez" como se não houvesse amanhã.
Em "For Evigt" os fãs de Volbeat acompanharam (ou tentaram acompanhar) o refrão cuja letra é em dinamarquês, noutro dos grandes momentos da noite. O público delirou como seria de esperar com "Sad Man's Tongue" e viu uns Volbeat a interpretar da melhor forma "Black Rose", com a mais-valia que foi presença de Danko Jones, que também canta na versão de estúdio do tema. Temas como "Slaytan" que Michael Poulsen referiu ser inspirado em Slayer e "Dead But Rising" tiveram direito a muito mosh por parte do público da frente. O frontman da banda dedicou "Fallen" ao seu falecido pai, tema no qual um público incansável cantou e saltou, presenteando a banda no fim, com muitos aplausos. Aí já se sentia que a noite estava a ser memorável, entre clássicos e também vários temas do novo álbum, entre os quais se destacaram claramente "Die to Live", "Last Day Under the Sun" e "Leviathan". Não faltaram músicas pesadas como "Seal the Deal", "The Devil's Bleeding Crown" e "Pool of Booze, Booze, Booza" que colocaram o público ao rubro. Foi com o ska/metal de "Still Counting" que os Volbeat decidiram fechar em grande este concerto, que foi o primeiro em nome próprio da banda em Portugal e cujo sucesso deixa antever que não serão precisos mais nove anos para voltarmos a ter a banda em Portugal, quer seja como cabeça de cartaz ou como nome em destaque de algum festival.
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segunda-feira, 14 outubro 2019