Reportagem Pixies em Lisboa
Ufa! Uau! Ah! E Bam! São as onomatopeias que me aprazem dizer para caracterizar o concerto dos Pixies, na passada Sexta – feira 25 de Outubro, no Campo Pequeno em Lisboa.
Ufa! pelo alivio que foi chegar ao Campo Pequeno e conseguir estacionar o carro. Numa Lisboa, cada dia mais gentrificada, conseguir arranjar lugar para estacionamento, furar os omnipresentes turistas de câmaras em punho que pululavam em redor do Campo Pequeno e dirigir-me à bilheteira foram tarefas exigentes. Apesar de existirem transportes públicos, inclusive metro, sair do trabalho por volta das 20h nos arrebaldes de Lisboa e chegar em 30 minutos só foi possivel de carro.
Passando ao Uau!! Que multidão, o Campo Pequeno estava cheio para ver Pixies, uma verdadeira romaria de pessoas ansiosas para ver a icónica banda ao vivo. Um público fiel, desejoso de ouvir os velhos clássicos e teletransportar-se para décadas atrás. Credo! Décadas! Passaram mesmo muitos anos, mas o público que os ouvia nos tempos de faculdade mantém-se fresco e fofo. Mantém a energia para dançar, pular e abanar a cabeça enquanto acompanha as letras das músicas.
Ah! Os velhos clássicos! O concerto tem inicio com o tema “Gouge Away”. O público vibra e acompanha a banda. A bateria, o baixo , os floreados da guitarra e a garra do vocalista, estava tudo lá. Seguem-se “Something Against You” , “U Mass” e “Hey”. O público delira, mas à maneira dos 40 que os 20 anos já lá vão.
Presumo que a maioria dos presentes tenha sido inundada de recordações. Bam!! As minhas reportaram-me para os tempos de faculdade em Coimbra, com a minha amiga Solange, uma baixinha gira e simpática, vestida com a sua mini-saia e botas Doc Martens de sola dupla, a pular e cantar vigorosamente estes temas.
Foram cerca de 40 temas, maioritariamente temas antigos, que o público conhecia e celebrou. “Blown Away”,“Here Comes Your Man”, “Monkey Gone to Heaven”, “Where Is My Mind”, “Bone Machine” “Debaser” e “Gigantic”, que encerrou o concerto, estiveram presentes e foram muito apreciados pelo público.
No tema “Vamos” foi dado algum protagonismo ao guitarrista Joey Santiago que se exprimiu, timidamente, com uns efeitos na guitarra e nos pedais.
Os Pixies trouxeram na bagagem um novo álbum, “Beneath The Eyrie”, o sétimo, lançado em Setembro deste ano, pelo que o alinhamento não podia deixar de incluir também músicas deste álbum. “Ready for Love”, “Los Surfers Muertos”, “On Graveyard Hill” , “Catfish Kate”, foram alguns desses temas. Estes foram bem recebidos pelo público.
O álbum, apesar de muito recente e talvez por isso não conhecido da maioria do público, recebeu boas críticas. Convenhamos que não parece possível que os Pixies possam alguma vez criar temas que não sejam, pelo menos, competentes.
Não vi os concertos anteriores de Pixies em Portugal. Não vi, com muita pena minha, o concerto no Super Bock Super Rock em 2004, que contou ainda com todos os elementos originais. Lembro-me que “o meu mais que tudo” da altura foi e adorou, comentava frequentemente ter sido dos concertos que mais gostou.
Não posso tecer comparações entre as várias actuações ao longo destes anos, foi a primeira vez que vi Pixies ao vivo. Gostei muito. Não me desiludiu, apreciei todos os momentos. O tempo passa, a voz e o vigor físico temperam-se. Nenhuma destas alterações/evoluções impediu ou diminuiu o prazer de os ver ao vivo e refira-se que apesar da ausência de Kim Deal ser sentida, Paz Lenchantin cumpre bem o seu papel.
A banda despediu-se do público com várias vénias. No que me diz respeito, devolvo as vénias e digo “Muito bom!!”.
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quinta-feira, 07 novembro 2019