Reportagem The Divine Comedy em Lisboa
Em dia de aniversário do vocalista a banda The Divine Comedy apresentou na Aula Magna o seu mais recente álbum,“ Office Politics”, editado em Junho deste ano.
A primeira parte foi assegurada pelo grupo Man & the Echo. O quarteto britânico, sediado em Warrington, deve o seu nome ao título de um poema de Yeats sobre um homem que pretende acabar com a sua vida e ao gritar isso mesmo ouve o seu eco. Inicia uma discussão com ele e acaba por decidir que afinal quer viver. Uma espécie de renascer que parece ter algum significado para o grupo, uma vez que este também esteve em vias de deixar de existir.
The Divine Comedy, era sem dúvida, a banda esperada sendo queo, Man & The Echo proporcionaram mais do que música ambiente no compasso de espera pela banda principal. Com o seu pop animado, recheado de humor e ironia, trouxeram uma série de canções bem cantadas e bem tocadas. Referência para “ A Capable Man” que gostei particularmente.
Na fila da frente estavam três espectadores que vibraram com a actuação e acompanharam as letras de Man & the Echo. Seriam verdadeiros fãs, ali presentes apenas para os ver, uma vez que não ficaram para a segunda parte.
A sala, finalmente cheia, estava pronta para receber a banda principal. O cenário em palco representa um escritório, numa clara alusão ao novo álbum. Toda a mise- en- scène roda à volta do ambiente, aqui retratado com um quê de vintage/nostálgico. O guarda-roupa dos músicos e dos técnicos de apoio, o computador e o telefone antigos, o grande relógio de parede, no qual o técnico de apoio vai simulando a passagem das horas rodando os ponteiros, reportavam-nos para tempos mais antigos.
O concerto teve início com o tema “Europop”do álbum “Liberation”. Seguiram-se “To Die a Virgen”, “Generation Sex”, “Comuter Love” e “Office Politics”, este tema já do último álbum.
Não era segredo que Neil Hannon fazia anos, na plateia circulava um papel escrito à mão a dizer isso mesmo e pedir que se cantassem os parabéns em uníssono. Após uma tentativa falhada lá foi possível cantar “Happy Birthday” para celebrar as 49 primaveras do vocalista.
O vocalista, que mantém o seu sentido de humor refinado, a sua ironia, a atitude corporal de puto giro e as suas tiradas espirituosas agradeceu. Os momentos de humor foram uma constante ao longo de todo o concerto. Neil, descontraído, partilhava umas larachas, fazia uns medleys e confessava que se calhar já tinha bebido demais.
Neil trauteou “Well hooray it's my birthday!”, um dos versos do tema “To Die a Virgen”, seguido de “ and i cry if i want to” num desses momentos de humor. Uma clara mistura com “It´s My Party”, originalmente cantado por Lesley Gore nos anos 60.
A banda desfilou as suas canções, intercalando temas do novo álbum com outros do seu reportório antigo, num alinhamento digno de um excelente DJ.
Não faltou o momento Kraftwerk com “The Synthetizer Service Centre Super Summer Sale”, que pôs Neil a brincar com o sintetizador, seguido de um clímax com “Infernal Machines”.
Em dia de festa não podiam faltar balões e chapéus coloridos. Os temas “ At the Indie Disco” e “I Like” foram interpretados com os músicos envergando chapéus coloridos de festa e o público em pé a dançar.
Foram mais de 20 temas magistralmente interpretados e celebrados. Referência para “Absolutely Obsolute”, tema recheado de ironia e “When the Working Day is Done”, que terminou o alinhamento.
A banda serviu ainda um encore. Em modo acústico, interpretaram “Your Daddy’s Car”, “Songs Of Love” e “Tonight We Fly”. A combinação das várias vozes e as guitarras foi uma delícia
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quinta-feira, 14 novembro 2019