Reportagem Eagles Of Death Metal
Numa altura em que todos sentíamos falta de uma grande noite de Rock’n Roll, os Eagles of Death Metal (EODM) estiveram presentes no Coliseu dos Recreios em Lisboa na passada Sexta-feira, 22 de Abril. Um concerto no âmbito da digressão comemorativa dos 24 anos da banda, num recinto longe de estar esgotado, com público em número envergonhado, mas, entusiasmado e com ganas de celebrar o Rock’n Roll.
Rock’n’Roll divertido, excitante e ao mesmo tempo familiar, kitsch até. Mas um kitsch bom, longe do sentido pejorativo que é aplicado tão frequentemente ao termo. Jesse Hughes, o vocalista, é uma verdadeira estrela do Rock’n Roll. Jennie Vee no baixo, Jorma Vik na bateria e Joshua Jove na guitarra fazem parte da mesma constelação.
Interessa que o espectáculo seja também entretenimento, divertido, íntimo, cheio de estilo. Notou-se tudo isto na música escolhida para subirem ao palco, “We Are Family” das Sister Sledge. Notou-se também na indumentária dos elementos da banda, particularmente a da sexy Jennie Vee, que apareceu com calções e botas acima do joelho a desafiar as fronteiras da sensualidade, no famoso bigode do vocalista, que o mesmo insistiu em afagar ao longo de todo o concerto, nos seus movimentos, na interação com o público a perguntar se estavam a gostar, na partilha de que o Rock’n Roll, apesar de todos os altos e baixos, era a vida dele… tudo, mas tudo, tão cool.
Sim! Não estávamos ali para um concerto de música erudita, nem à espera de riffs complicados ou com pretensões de atingir um qualquer patamar de arte sonora. Como o próprio Jesse Hughes disse, estávamos todos com saudades de uma “Fuc*ing Rock’n Roll night” e foi isso mesmo que aconteceu.
Temas como “I Only Want You”, “Don’t Speak (I Came to Make a Bang)" e “Anything ‘Cept the Truth” desfilaram e entusiasmaram o público.
Em dia de queda da obrigatoriedade das máscaras puderam ver-se as caras com sorrisos escancarados. Abraços mais íntimos, beijos e a partilha de copos de cerveja foram frequentes. Até Jesse Hughes aceitou beber um gole de um copo de cerveja de um elemento do público. Depois de tanto tempo de confinamento e regras sanitárias esses comportamentos, tão naturais em outros tempos, chegavam a causar uma sensação de estranheza.
Temas conhecidos como “I Want You So Hard (Boys’s Bad News)”, “I Only Want You”, “Love You All The Time” e “Cherry Cola” não faltaram. O público cantou, dançou, houve até lugar a um pouco de moche.
Lugar também para covers como “Can’t Help Falling In Love” de Elvis Presley e “Moonage Daydream” de David Bowie, muito bem interpretadas.
O espectáculo terminou ao som da vibrante “Speaking In Tongues”. Mais uma oportunidade para abanar o capacete antes da despedida. O público saiu satisfeito, com a exceção talvez de um, que pedia o tema “Wannabe In LA” que não fez parte do alinhamento.
A primeira parte do espectáculo coube a Dead Sara. O trio californiano composto por Emily Strong na voz, Siousxie Medley na guitarra e Sean Friday na bateria fizeram uma atuação poderosa que agradou ao público. Temas como “Weatherman” e “Gimme, Gimme” causaram entusiasmo e fizeram vibrar.
Um bom espetáculo, uma noite bem passada. Saí do Coliseu satisfeita e com desejo de mais concertos.
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sexta-feira, 29 abril 2022