Kings of Convenience
A dupla norueguesa, Erlend Oye e Eirik Glambek, regressaram a Lisboa volvidos 13 anos, desde a última vez que estiveram na capital portuguesa em 2009. Trouxeram na bagagem um álbum novo, “Peace or Love”, lançado no ano passado.
Leve, etérea, de aparência simples, mas densa, mais ainda, bonita! E que toca corações! Pode assim definir-se a sua música. Em palco, a dupla, com as suas guitarras produziu melodias doces, ou melhor, emoções em todos e em cada um de nós. Eloquentes, canções acústicas e mestria vocal, foram suficientes para nos preencher e arrebatar de mansinho.
Os Kings of Convenience, subiram ao palco depois da hora combinada. O atraso até foi conveniente, uma vez que, apesar do espetáculo estar esgotado, à hora marcada, 21h, o Coliseu ainda não estava ainda completo e o público continuava a chegar aos seus lugares.
De qualquer forma o atraso, apesar de nada característico dos nórdicos, não pareceu incomodar ninguém. A atmosfera era de entusiasmo e sorrisos e qualquer espera fez parte do ritual.
Chegados ao palco apresentaram-se de forma singela “Hello everybody! We are Kings of Convenience and this is our first song” (Olá a todos! Nós somos os Kings of Convenience e esta é a nossa primeira canção). Interpretaram “Comb My Hair” do novo álbum. Ah! O dedilhar nas guitarras e as vozes, tudo tão simples e tão perfeito. O público aplaudiu com entusiasmo. Em conversa com o público assumiram que o instrumento favorito é a guitarra e Eirik Glambek confessou que, apesar de ganhar a vida com a guitarra, não sabia quem a inventou. Em tom de paródia referiu um Senhor Guitarra ao que Erlend Oye retorquiu que devia ter sido um esforço conjunto de várias pessoas.
A amizade e a cumplicidade entre os dois são notórias, foi constante a sensação de complementaridade.
De seguida tocaram “Rocky Trail”, aquele que foi o primeiro single do mais recente álbum. O público acompanhou e dançou sentado. Aliás, dançou-se o concerto todo, primeiro balançando na cadeira, depois em pé.
Um concerto com registo intimista e minimalista como seria de esperar mas, com muita proximidade e interacção entre a dupla e o público. Muita partilha e muita descontração nos comentários, desde o pedido de Erlend Oye ao engenheiro de luz para que não apontasse a luz para os seus óculos, ao dizer que o bater de palmas do público soava como uma má bateria e incentiva-lo antes a estalar os dedos para acompanhar as músicas. Erlend Oye instou também o público, à revelia das regras, para ocupar os espaços vazios à frente do palco para apreciar o concerto. Parte do público aceitou a sugestão e desfrutou do concerto em pé aconchegados junto ao palco.
Temas como “Catholic Country” e “Fever” do novo álbum e “I’d Rather Dance Than Talk To You” do álbum “Riot On An Empty Street “deixaram o público ao rubro.
Apesar da tónica do concerto ter sido a promoção dos temas do novo álbum, houve lugar também a outros êxitos do passado como “Cayman Islands” e "Know How”, "Mrs Cold”, “Boat Behind” e “Misread” que muito agradaram ao público.
Referência também para uma nota de pesar sobre a guerra na Ucrânia. “Não esperava ver uma guerra na Europa no meu tempo de vida “- disse Erlend Oye. Eu digo mais, ninguém esperaria isso, lembro-me frequentemente da premissa das duas grandes guerras, que seria a guerra para acabar com as guerras, disse-se isso na primeira e voltou a dizer-se na segunda.
Antes do fim, lugar ainda para um encore em que interpretaram “Little Kids” do primeiro álbum “Quiet Is The New Loud”.
O concerto terminou e o público retirou-se de forma tranquila e com o coração cheio.
-
quinta-feira, 21 novembro 2024