The Black Crowes

“Shake your Money Maker” é o nome do álbum mais emblemático dos The Black Crowes e foi este que deu o nome à sua digressão. Um álbum de puro rock e foi puro rock o que se ouviu no Campo Pequeno.

A atmosfera dos anos 90 foi projetada para a atualidade na sonoridade e na mise-en-scene. O palco revestiu-se com um bar no lado esquerdo onde os músicos beberam uns shots ao som de “Shake Your Money Maker” que saltava da jukebox, enquanto aguardavam pela entrada em palco dos irmãos Robinson, e duas coristas posicionadas no lado direito.

Depois de um hiato de 20 anos The Black Crowes regressaram a Portugal para comemorar o trigésimo aniversário do álbum “Shake Your Money Maker”. Apesar deter sido um concerto marcado pela pouca afluência do público, eram visíveis muitos fãs da banda. Notório era também que a faixa etária do público consistia essencialmente em pessoas na casa dos 50 dispostos a celebrar as sonoridades da sua juventude, muitos dos quais estrangeiros que, em visita a Lisboa, aproveitaram também para ver o concerto.

O alinhamento do concerto centrou-se essencialmente nas músicas álbum homónimo. Rich e Chris Robinson subiram ao palco ao som de “Twice As Hard” e foram recebidos em celebração pelo público. Chris Robinson dominou o palco, sendo os seus movimentos e dança parte integrante do espetáculo. Seguiram-se “Jealous Again” e “Sister Luck”. O som não foi muito bom o que dificultou perceber as letras na voz de Rich Robinson, no entanto, isso parecia não importar para os fãs presentes, que dançavam e acompanhavam as letras, sabidas de cor certamente, com um sorriso nos lábios.

Tocadas e cantadas também “Could I’ve Been So Blind” e “Seeing Things” num cumprimento escrupuloso do alinhamento do álbum. “Hard to Handle”, um original de Ottis Redding, foi o mote para o vocalista partilhar com o público que considera Ottis Reading o maior compositor de todos os tempos. Chris acompanhado da guitarra acústica interpretou “She Talks To Angels”. De referir que esta digressão ficou também marcada pelo reatar das relações entre os dois irmãos, Chris Robinson e Rich Robinson.

Terminado o alinhamento do álbum “Shake Your Money Maker” lugar ainda para temas como “Thorn My Pride” e “Remedy” que foram muito apreciados pelo público.

The Black Crowes são uma boa banda e o concerto proporcionou uma boa noite de Rock’N Roll com algum revivalismo que agradou à maioria do público. Afinal estavam lá para isso.

A primeira parte do espetáculo coube à banda Holandesa DeWolff. Desconhecida da grande maioria do público presente, constituíram uma boa surpresa com o seu rock psicadélico de grande qualidade. Tudo no trio formado pelos irmãos Luka e Pablo Van De Poel e Robin Piso, o som, o visual, a energia e aquela sensação de que aquele som é arrancado dos instrumentos de foram visceral naquele preciso moento nos transporta para os anos 70 e às origens do rock progressivo e psicadélico. Um concerto energético, uma banda cujo nome devemos reter e cujo trabalho vale a pena explorar.