alt-J
Sabemos que o tempo passar a voar quando o An Awesome Wave, disco de estreia dos alt-J, celebrou, no presente ano de 2022, os dez anos de existência. E foi em 2012 que a banda de Leeds surgiu como um dos projetos indies mais entusiasmantes dos últimos tempos, com o passar de cada disco a cimentar essa posição.
Com uma década de êxitos na bagagem, já não é surpresa que os alt-J consigam encher qualquer sala portuguesa por onde passem, feito ainda mais notável tendo em consideração que marcaram presença em julho no NOS Alive. Ainda assim, numa tournée que tanto tem celebrado o passado como o presente, o Campo Pequeno encheu-se para mais uma passagem sólida dos alt-J por Portugal.
“Hey Boy Hey Girl”, glorioso hino dos The Chemical Brothers, ecoou pelo Campo Pequeno minutos antes da chegada do trio britânico, aquecendo a vasta moldura humana que aguardava em êxtase. E de pontualidade britânica, os alt-J não perderam tempo a conquistar a plateia com “Bane”, “Every Other Freckle” e “The Actor”. De seguida, “In Cold Blood” e “Deadcrush”, únicos vislumbres de Relaxer em toda a noite, mantiveram o ritmo alucinante, com a plateia a acolher cada canção numa efusividade em crescendo.
A primeira comunhão total entre banda e público, todavia, surgiu com o primeiro cartão de visita de An Awesome Wave, “Ripe & Ruin”, cantado a acapella até as primeiras notas de piano de “Tesselate” ecoarem pelo Campo Pequeno e a arrancar a primeira grande cantoria da noite. A segunda, e como não haveria deixar de ser, surgiu pouco depois com “Matilda”, uma das eternas lembranças do disco de estreia de alt-J e que até hoje embala tal e qual como embalava em 2012.
Como manda a tradição, uma das vantagens de um concerto em nome próprio é a personalização do jogo de luzes consoante a visão idealizada pelo artista. E nesse aspeto, nota para as dezenas de lâmpadas penduradas pelo palco, apoiadas por intensas luzes strobe, que impulsionavam canções como “Something Good”, a nova “Montreal” ou “Bloodflood”, criando um belíssimo cenário de luzes intercalados na penumbra.
De “Delta” a “Philadelphia”, passando por “Nara” e “Taro”, o concerto caminhava a passos largos para o seu final, isto numa noite em que o cardápio apresentando pelos alt-J nivelou-se, de igual forma, entre An Awesome Wave e The Dreamer, E para o final, foi através de tripleto do disco de estreia que as cortinas se fecharam pela primeira vez, em que “Dissolve Me” e “Fitzpleasure” quase convidaram a um ou outro pezinho de dança.
Para o encore, e como não poderia deixar de ser, o final fez-se em chave de ouro com os dois temas mor dos alt-J: se, para abrir, a festa fez-se com “Left Hand Free”, coube a “Breezeblocks” arrancar os últimos galhardetes junto dos milhares de fãs incansáveis que, durante uma hora e meia, cantaram, celebraram e festejaram a carreia dos alt-J. Que venham mais dez anos em tão boa companhia.
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Organização:Everything is New
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quinta-feira, 21 novembro 2024