Reportagem Infected Rain em Lisboa
Catorze meses após terem tocado em Portugal pela primeira vez, em Lisboa (também no RCA Club) e no Metalpoint (Centro Comercial Stop no Porto), os Infected Rain retornaram no passado dia 3 de setembro ao nosso país, desta feita para uma data única no RCA Club em Lisboa. Portanto, os fãs lisboetas não tiveram que esperar muito para voltar a ver a banda de Elena Cataraga, mais conhecida no meio musical como Lena Scissorhands. Estava previsto que os espectadores assistiriam a atuações de duas bandas: primeiro os "nossos" All Against e em segundo a banda de Los Angeles, All Hail The Yeti, que por motivos alheios à Amazing Events, a promotora do espetáculo, não puderam estar presentes.
Sendo assim, ficou a cargo única e exclusivamente aos All Against aquecerem as hostes antes do concerto dos headliners Diga-se de passagem, tal tarefa foi conseguida com muito sucesso por parte do quinteto nacional. Subiram ao palco pontualmente às 20h30, para uma poderosa atuação com cerca de 40 minutos de duração. Demonstraram uma formação coesa, uma dupla de guitarristas forte na qual se destacaram os ótimos solos de Sérgio Correia. O vocalista anterior, Rui Miguel, tinha uma dinâmica assinalável a nível vocal, mas o novo frontman do grupo português, tem uma voz que empresta ainda mais poder à sonoridade do grupo. O som da banda é indubitavelmente thrash, um thrash extremamente potente ao qual se adiciona algum groove, mas quase sempre tocado a grande velocidade. O álbum "I Am Alive" (2021) já foi bom mas o recente "The Day of Reckoning" é ainda mais forte e a banda sabe disso por isso baseou a sua atuação principalmente em temas deste novo disco. O som dos All Against pode não ser singular mas, a banda tem tudo para vingar, tem bons instrumentistas e compositores, a sua música soa fortíssima ao vivo e por isso têm condições para estar na linha da frente do thrash metal moderno português. "Rebelião" causa impacto ao vivo pela sua letra em português, e não faltou aquele que é primeiro single do novo álbum, "Mass Murder Policy", com os seus cativantes riffs melódicos e refrão marcante, tendo estes dois sido alguns destaques de um concerto bem acima da média, que "obrigou" os presentes a fazer headbang e algum tímido mosh.
Os moldavos Infected Rain entraram no palco 5 minutos depois da hora marcada para um concerto que revisitou 4 dos 5 álbuns da sua carreira de década e meia, só ficando a faltar o 1º álbum, "Asylum". A atuação foi baseada principalmente nos dois últimos álbuns do grupo, "Endorphin" e "Ecdysis" que são os únicos lançados pela Napalm Records e os de maior sucesso. A sonoridade da banda ganha alguma unicidade por beber influências a vários subgéneros do metal mais moderno e pela dicotomia de vocalizações gritadas e melódicas por parte de Lena Scissorhands. A vocalista foi sempre muito interventiva e simpática durante a atuação e tanto ela como a nova baixista Alice Lane e o único guitarrista presente esta noite, "Vidick Ojog", não pararam quietos em palco, com destaque para este último. Apesar de o RCA Club estar longe de estar cheio, a banda não se coibiu de dar o seu melhor e de apresentar uma performance muito enérgica. A combinação do groove da parte instrumental com a voz, ora agressiva, ora melódica e alternativa, contagiou os fãs presentes no local. Não puderam deixar de fazer parte do alinhamento alguns dos temas mais famosos do grupo como "Orphan Soul", "The Earth Mantra" e "Passerby", mas foram as seguintes músicas: "The Realm of Chaos" que soou potentíssima ao vivo; a rápida e igualmente pesadona "Lure"; e a música mais recente do grupo e que ainda não faz parte de nenhum álbum, "Dying Light", que mais surpreenderam. Nesta última, Lena pediu a todo o público para se sentar no chão, pedido que foi atendido. A vocalista agachou-se e fez um coração com as mãos como gesto de agradecimento antes de todos se levantarem e assistirem ao clímax da música. Este foi um belo momento e este tema promete que vem aí boa música por parte do grupo moldavo. Terminaram com mais um momento forte com "Black Gold" e a energia pura do clássico "Sweet, Sweet Lies", no qual a vocalista pediu ao público para saltar.
Os Infected Rain estão em pleno crescimento e agora que se habituaram a visitar Portugal, esperemos que não demorem a voltar, em promoção de um novo álbum e em nome próprio ou, quem sabe, num festival de modo a apresentarem a sua interessante proposta musical a um público mais vasto.
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Organização:Amazing Events
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domingo, 22 dezembro 2024