Lonzdale's Fantasy | Não se passa nada às Segundas

No início deste pós- férias que se quer tão vibrante como o auge do verão, chegamos à terceira ronda da iniciativa que a Saliva Diva mantém às segundas na sempre bonita tentativa de contrariar o tédio associado a esse dia. Desta vez a matiné calhou a 11 de setembro - uma data assumidamente estranha para celebrações de qualquer tipo, é certo -, mas que até realçou o caráter insólito da oferta musical que, neste final de tarde , emanou da cave da Socorro: falamos, portanto, dos Lonzdale's Fantasy, um duo formado por Kenneth Stitt na voz e Nils Meisel na eletrónica cuja união se assemelha a uns Sleaford Mods mais psicadélicos (e, numa das músicas, vislumbramos as atmosferas refrescantes de uns Asian Dub Foundation na sua vitalidade ritmada, não sabemos se por feliz acidente ou influência devidamente interiorizada), brejeiros a nível vocal e simultaneamente mirabolantes e etéreos no instrumental, como se Nils colorisse os ataques verbais de Kenneth, ali entre o desabafo e o festejo animalesco, sempre autêntico na entrega desenfreada. Sem dúvida alguma, isto é party músic pura e sem excesso de adornos, de sentimento popular sem nunca se tornar popularucha, que merece ser vivida em clima de celebração  suada. E foi precisamente  isso que aconteceu, com a  audiência  que preencheu bem a sala sem a ter mesmo lotado a dançar e a viver a vida como esta merece ser vivida - com garra e alegria , que isto não dura para sempre. Musicalmente a abordagem era claramente direta , e não será descabido afirmar que a performance era , por vezes ,o que mais surpreendia ou cativava , mas urge não descurar os melhores momentos em que a batida lançada por Nils agia como um café sonoro que despertava o corpo. 

Mais do que um concerto, isto foi uma tese não académica de adrenalina sonora , um after  que não seguiu nenhuma atuação, mas que soou a tal. No fundo, o objetivo era fazer o povo pular , e a missão cumpriu-se. De modo a não inteletualizar demais o que deve ser antes freneticamente absorvido, escolhemos ficar por aqui e mais nada escrever.