Marky Ramone's Blitzkrieg no Santiago Alquimista
Nos tempos que correm, o punk rock é um género que já não é credível, limitando-se apenas ao lado saudosista daqueles que o seguiram a partir dos anos 70 aos dias de hoje, bem como a muitos outros que o descobriram com o passar do anos, onde os The Ramones, no outro lado do grande Oceano Atlântico foram pioneiros, dando-lhes crédito e estatuto de lendas.
Com as sucessivas trocas de alinhamentos até 1996 e as (inevitáveis) mortes dos membros da banda nova-iorquina, Marky Ramone leva agora aos quatro cantos do mundo a experiência “Ramones” que muitos se podem considerar privilegiados por presenciar, pois é o mais perto que estarão de uma perfomance ao vivo da banda que o acompanhou ao longo da sua vida. Nesta nova tour optou por um toque especial e convidou Andrew W.K, o considerado deus da festa e recém recordista do Guiness para intrepretar clássicos como “Blitzkrieg Bop”, “Sheena is a Punk Rocker” ou “I Wanna Be Sedated” com uma energia e presença em palco muito característica e pouco usual.
Considerado um privilégio, os Decreto 77 foram os escolhidos para iniciar a noite. Bem dispostos e a tocar “malhas” de contestação em frente de uma sala ainda muito longe de encher, foi quarenta e cinco minutos depois que ao som de “It’s Time To Party” do álbum de estreia de Andrew WK que Marky Ramone e convidados fizeram a sua grande entrada.
Ao longo de 35 emblemáticas canções em que Marky Ramone mal ousou proferir qualquer tipo de palavras, Andrew WK entrou em piloto automático enquanto deambulava pelo palco e ao mesmo tempo aliciado ao crowdsurf pelos presentes. Pouco entusiasmante do ponto de vista palco-público, o lado oposto apresentava uma euforia quase equivalente ao das crianças na noite de Natal, como se estivessem a reviver tudo outra vez.
Os constantes gritos “Hey Ho, Let’s Go” não foram deixados de parte. Muito pelo contrário, foram entoados nas mais variadas formas ao longo de pouco mais de hora e meia, entre canções que nem duram três minutos, sempre a ser disparadas com “one, two, three, four”.
Dois encores, um deles com direito a “What A Wonderful World”, uma homenagem a Joey Ramone, que interpretou a icónica canção de Louis Armstrong no seu álbum a solo antes de falecer, as lendas presentes no palco do Santiago Alquimista estiveram longe de encher a vista a quem esperava algo estrondoso mas satisfez curiosos que optaram por uma actividade mais lúdica após a ida à praia.
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sábado, 20 dezembro 2014