Reportagem 10.000 Russos, Monkey 3, Wooden Shjips, Holocausto Canibal, Exhumed e Toxic Holocaust
É com grande orgulho que o Porto recebeu este especie de mini festival, organizado pelas já acarinhadas promotoras Lovers & Lollypops, Amplificasom e SWR.Inc. Unindo forças, esta primeira quarta-feira de Março certamente ficará nas memórias das muitas almas que apareceram pela baixa do Porto.
O Hard Club foi usado ao máximo, usufruindo das excelentes condições sonoras das duas salas. Por um lado tínhamos o poderio e fúria dos “grinders” norte americanos Exhumed e Toxic Holocaust, com uma ajudinha dos Holocausto Canibal. E do outro lado do espectro, desenrolava-se um evento com tonalidades totalmente diferentes mas igualmente boas. Monkey 3 e Whooden Shijps que iriam animar a noite para os mais desejosos de tiradas psicadélicas.
Convém referir que houve possibilidade para ambos os espectros se unirem e possibilitarem aos presentes apreciar os dois extremos, ou seja ver todas as bandas, sem grandes sobreposiçoes. O que para os curiosos que se aventuraram foi uma mais valia, é sempre de louvar estes gestos de respeito mútuo, sem dúvida um mote para uma noite memorável. Mas vamos então as bandas.
O inicio foi dado pelos 10.000 Russos, que não tiveram uma plateia que fizesse jus ao seu nome, porem deram um espetáculo hipnotizante para aqueles que já se encontravam presentes e aqueles que iriam chegando aos poucos.
Já na sala 1, o conto era diferente. Subiam ao palco os Holocausto Canibal para abrir as hostes de uma noite de peso. Com uma setlist variada, que engloba muitos dos clássicos temas da já longa carreira da banda, foi um debitar de sons, ora curtos e furiosos, ora mais lentos e extensos. Porém sempre energéticos e muito voláteis.
Do outro lado, já tinhamos os Monkey3 a subir ao palco para o primeiro toque de rock psicadélico da noite, por vezes com algum toque melódico do guitarrista Boris (nome sugestivo) e no entanto sem perder o seu lado de peso cheio de “fuzz”, com passagens de teclado, que faziam os presentes viajar por entre tantas camadas sonoras. Munidos com projeções, que de volta e meia passavam trechos de filmes antigos e surrealistas, percorreram a sua discografia, focando no Beyond the Black Sky, e no seu homônimo Moneky3.
Os norte-americanos Exhumed iriam tomar conta de dar continuidade e mais ênfase a noite de peso na sala principal. Com um novo álbum na bagagem, foi um debitar de grandes malhas do “Necrocracy” e do mais recente split com Iron Reagon. Não esquecendo a clássica The Matter Of Splatter para finalizar a sua atuação, suada, cheia de sangue e cerveja.
Provavelmente um dos grupos mais esperados da noite, os Wooden Shjips de São Francisco, iniciavam a sua trip aos confins das mentes mais arrojadas. Com passagens rítmicas focadas na repetição e criando assim um ambiente de êxtase e quase transe, servindo se também de projeções que iluminavam o palco e todos os presentes, a sala depressa se tornou numa especie de camara oculta que emitia padrões de todas as cores possíveis, ao som e pulsar da música. Apresentando uma boa parte do álbum mais recente “Back to Land”, os Wooden Shjips não deixaram ninguém insatisfeito, dando dois encores para os desejosos de ouvir mais do seu repertório musical.
E para finalizar a noite nada melhor do que uma explosão de agressividade à moda antiga. Com os Toxic Holocaust, liderados pelo carismático Joel Grind.
Foram os autores do maior movimento na sala principal. Desde os primeiros minutos da atuação a sala estava a ferver de energia e o público já mais aconchegado estava ao rubro, berrando as letras com toda a força dos seus pulmões na inicial “Metal Attack” e nas duas músicas seguintes, “Wild Dogs”, “Endless Armageddon” do favorito “An Overdose of Death”.
Sem grandes pausas e interrupções para discursos, o concerto não perdia a sua intensidade enquanto os Toxic Holocaust exploravam a fundo a sua discografia, disparando clássicos atrás de clássicos. Fazendo deliciar os seus fãs, que recebiam a sua estreia em Portugal com um bruto entusiasmo em forma de “mosh” por entre os copos de cerveja vazios no chão.
“Death Brings Death”, “Agony of the Damned” e “In the Name of Science” foram alguns dos momentos mais altos da noite que passou num instante. Quando o Joel Grind anunciava a última música “Nuke the Cross” o público esse ainda não estava satisfeito nem de perto, o que levou a um encore com a mítica “666” do “Evil Never Dies” e finalmente pondo um ponto final ao concerto, “Bitch”:
Gozando do melhor som da noite e uma excelente resposta por parte da plateia, foi pouco mais de uma hora de total entrega, onde o trio mostrou que o thrash metal está de boa saúde e recomenda-se.
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sábado, 20 dezembro 2014