Reportagem 65daysofstatic no Porto
Os britânicos 65daysofstatic passaram pelo Porto e Lisboa, aqui no âmbito do Jameson Urban Routes, para apresentar os temas da banda sonora “No Man's Sky: Music for an Infinite Universe”, aproveitando para recordar velhas pérolas que marcaram a história mais recente do post-rock.
A data na Invicta teve lugar no Hard Club, mais precisamente numa Sala 1 algo vazia, mas ainda assim com um ambiente descontraído e intimista. A noite começou com os Thought Forms, uma autêntica revelação saída de Bristol. O grupo, apadrinhado por Geoff Barrow dos Portishead e BEAK> foi autor de uma curta mas intensa viagem sonora, explorando mundos tão diversos como o psicadelismo, o shoegaze ou mesmo o drone, mas sem se prenderem às fórmulas desses géneros. Contudo, o verdadeiro encanto reside na sua música tão serena quanto inquietante, numa inebriante sessão de doce melancolia sonora. Poucas são as bandas de abertura que nos deixam boquiabertos, mas os Thought Forms foram um desses casos.
Após o intervalo, eis que surgem em palco os 65daysofstatic, arrancando ao som de “Monolith” e relembrando-nos que o novo disco dá muito mais importância à electrónica do que necessariamente ao post-rock. Não que essa mistura não estivesse anteriormente presente, mas agora foi ainda mais enfatizada. Todavia, ao ouvirmos as novidades em conjunto com as recordações, apercebemo-nos que tudo parece coexistir de forma harmoniosa, já que todas as composições encontram na sua aura sonhadora um ponto de convergência.
Quanto ao concerto em si, foi deveras competente, mas não deixamos de sentir que certas músicas do grupo de Sheffield resultam melhor quando escutadas no sossego do lar do que no contexto de uma actuação ao vivo. Temas como, por exemplo, “I Swallowed Hard, Like I Understood” ou “Retreat! Retreat!”, este já interpretado durante o encore, acabaram por ser alguns dos momentos mais memoráveis, pelo valor nostálgico que possuem e pela energia contida posteriormente manifestada em majestosas explosões de distorção. Destaque ainda para a emotiva “Radio Protector” - uma composição deslumbrante, daquelas que nunca nos cansamos de ouvir.
No final, o balanço é, apesar de tudo, positivo. Não terá sido o melhor concerto de post-rock que alguma vez vimos já que faltou alguma da magia que caracterizou passagens marcantes de outros grupos do género, mas foi um serão bastante agradável na companhia de músicos talentosos.
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Organização:Amplificasom
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segunda-feira, 25 novembro 2024