Reportagem Air - Porto
Depois de em Janeiro terem esgotado por completo o Coliseu dos Recreios em Lisboa, eis que os franceses Air – Nicolas Godin e Jean‐Benoît Dunckel – voltam a Portugal para apresentar ao público portuense, não só o seu mais recente álbum “Love 2”, como todo o repertório reunido desde 1995, data de formação da dupla.
A sonoridade singular dos Air é influenciada não só pelos sintetizadores dos anos 70 de Jean‐Michel Jarre e dos Vangelis, como também pela chanson française – com Serge Gainsbourg como uma das maiores influências – pelo jazz, a bossa nova, a pop ou o rock dos Pink Floyd e dos Tangerine Dream. Desengane‐se quem pense que Air se traduz para “ar” português. É antes a sigla para Amour, Imagination, Rêve. E foi amor, imaginação e sonho que os franceses trouxeram esta noite até ao Coliseu do Porto.
Sem cerimónias ou apresentações, Nicolas Godin e Jean‐Benoît Dunckel, que se fazem acompanhar de um baterista, entram em palco de forma discreta, dando início ao espectáculo com Do The Joy, primeiro tema do mais recente disco de originais, "Love 2" (2009). Embora não tenha sido um concerto de casa cheia, o público presente mostrou‐se caloroso e recebeu a dupla com fortes aplausos e assobios, revelando talvez o sentimento de agradecimento daqueles que contavam que os Air passariam apenas pela capital.
Com projecções repletas de efeitos visuais contam‐nos – com o tema So Light is Her Footfall, "Love 2" (2009) – a história de uma elegante e solitária mulher. Seguem‐se Love, ainda do último trabalho e Remember, de Moon Safari (1998). A assistência mostra‐se receptiva, entusiasmada e fascinada com a atmosfera visual e sonora criada no Coliseu do Porto. Contudo, até aqui o espectáculo não é ainda o suficiente para que arranquem os pés de chão e se deixem levar pela electrónica dos Air. Sempre tímidos e pouco conversadores, Nicolas e Jean‐Benoît agradecem ao público com obrigados e mercis “vocodizados”.
Depois de Venus, de Talkie Walkie (2004), segue‐se J'ai Dormi Sous L'eau, de "Premiers Symptômes". Regressam a "Love 2" com Missing the Light of the Day e Tropical Disease. "A 10.000 Hz Legend" (2001) vão buscar três temas, a começar por People in the City, enquanto que se podem ver projectadas as letras P E O P L E e C I T Y. Don’t Be Light serve para aquecer o ambiente que vai progredindo ao som da música. Com sons de harpas e projecções de pequenos flocos de neve, cria‐se um ambiente belo, a acompanhar Radian, que abre portas para o tão esperado Cherry Blossom Girl, single de "Talkie Walkie" (2004), marcando um dos momentos altos da noite, quando o público pega em massa nas câmaras para filmar.
Ainda com o entusiasmo deixado pela música anterior, tocam Be a Bee, de "Love 2" (2009), cuja energia faz o público vibrar e libertar‐se da postura firme e adormecida que até então se verificou. Saltando de álbum para álbum e numa vertente mais instrumental, encaixa‐se Talisman, de "Moon Safari" (1998), seguida de How Does it Make You Feel, de "10.000 Hz Legend" (2001). A melodia dos assobios de Alpha Beta Gaga, de "Talkie Walkie" (2004), consegue trazer ao de cima toda a energia de um público tão quente e fã da banda. Após Kelly Watch the Stars, de "Moon Safari" (1998), abandonam repentinamente o palco. Era um sentimento óbvio e unânime que a banda voltaria para um encore. Ainda assim, o público incansável assobia e aplaude, pedindo mais um momento de amor, imaginação e sonho. No encore, tocam Heaven's Light, de "Love 2" (2009), e Sexy Boy, de "Moon Safari" (1998), dando por terminada a actuação depois de La Femme d’Argent, de "Moon Safari" (1998).
Os Air despedem‐se carinhosamente e registam fotograficamente o público que os acompanhou durante cerca de uma hora e trinta minutos de espectáculo.
Para aqueles que não tiveram a oportunidade de assistir a este concerto, a dupla francesa está de regresso a Portugal no dia 8 de Agosto, onde marcam presença no Festival Sudoeste TMN na Zambujeira do Mar