Reportagem Akron/Family no Hard Club
O final do dia frio de Domingo começou a aquecer ao som de Filipe Miranda, criador do projecto musical, a solo, The Partisan Seed. Mais conhecido por ser o vocalista de Kafka (visto pela última vez na 2ª. edição do festival Milhões de Festa), Filipe surge em 2005 com The Partisan Seed, que, segundo o próprio em entrevista ao site Bodyspace, «...simboliza a luta, a resistência, a insubmissão e a independência artística». Apresenta-se, assim, com "Visions Of Solitary Branches" e três anos mais tarde surge o segundo álbum Indian Summer. Em 2010 é lançado "Clay For The Working Hands", uma retrospectiva que inclui ambos os álbuns anteriores juntamente com um EP gravado ao vivo para o "Ciclo Voz e Guitarra" da Antena 3.
Por esta altura já viam algumas pessoas pela sala, muitos conheciam, outros não, mas uma coisa ficou bem presente, a prestação de Filipe foi um óptimo cartão-de-visita para os tão esperados nova-iorquinos, Akron/Family.
A banda folk de fortíssimas influências no rock experimental apareceu em 2002 e, este ano decidiram regressar a Portugal para dois concertos, um na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa e o último no Porto, na sala 2 do Hard Club.
Barbudos e cabeludos, conversadores e bem-dispostos assim eram Miles Seaton, Seth Olinsky e, menos conversador, Dana Janssen. Recebidos com fortíssimos aplausos e assobios, iniciaram o tão esperado concerto do mês. Começando em ritmo lento, ao som das belas e encantadoras músicas "Crickets" e "Island". Seguiu-se um momento de reflexão e meditação instantânea, quando Miles e Seth pedem ao público que levantem um braço, apontem para o céu e fechassem os olhos, deixando-se levar pelo momento, que rapidamente foi-se quebrando com o tema "A AAA O A WAY" e explodindo com "Another Sky" – ambos do mais recente trabalho "S/T II: The Cosmic Birth And Journey Of Shinju TNT".
Num ambiente quente e bastante acolhedor, Miles pede ao público que se vá juntando na frente palco não deixando aquele grande espaço só ser usado pelos fotógrafos que andavam para trás e para diante quase constantemente a disparar. "Assim torna-se mais familiar", dizia ele antes dos primeiros acordes de "Everyone is Guilty".
O ambiente vai então evoluindo, passando de momentos de calmia para a total experimentalidade rock com o qual eles se idenficiam. O auge, se assim se poderá dizer, dá-se aquando das músicas "Say What You Want To", "Silly Bears" e do momento inesperado em que Seth enrola parte do público em fita-cola e Miles, por outro lado, faz o público aproximar-se do microfone para cantar com eles.
Numa viagem com inicio, meio e fim, o concerto de Akron/Family termina quase como começou. Regressam para o encore, cantando, à capela, "Love and Space" acompanhada por quase todo o público que se deixou embalar pela doce canção do álbum Meek Warrior. Por assim ficamos durante alguns bons minutos até que um voz lá do fundo grita "HEY MAN!", os músicos abrem os olhos, surpreendidos com a forma como o ambiente se quebrou, o público aplaude e assim termina o concerto.
No final muitas músicas ficaram por se ouvir – era o que mais se ouvia pela boca daqueles que esperavam assistir a outro tipo de sonoridades, contudo, e sem a menor dúvida, este concerto tornou-se memorável.