Reportagem Amon Amarth no Porto
Grand Magus
De volta aos palcos nacionais, os gigantes Amon Amarth e Testament, vieram apresentar cada um respectivamente os seus novos álbuns. No caso dos vikings suecos Jomsviking é a mais recente oferenda cheia de melodias pujantes. Enquanto que os lendários thrashers americanos trouxeram na bagagem o Brotherhood of the Snake. A primeira parte estava a cargo dos Grand Magus.
Enquanto iam chegando cada vez mais pessoas até o Coliseu, os conterrâneos dos Amon Amarth, Os suecos Grand Magus já iniciavam a actuação. Também com fortes ligações a temática viking, despejaram um certo charme escandinavo para um palco ainda muito modesto em comparação com o que se iria erguer mais logo. Só com uma guitarra e pouco mais, foi um despejar de temas com toques á clássicos como Black Sabbath na sua fase com o Dio.
Não se podia negar o divertimento do trio em palco. Mas notava-se, porém, algum desgaste na voz do Janne Christoffersson, fruto talvez das prolongadas digressões, algo que é compreensível. Não deixou de ser um bom aquecimento, com os Grand Magus a percorrer um pouco toda a sua discografia. Temas como a homônima “Hammer Of the North” ou “Varangian” do último álbum, não deixou indiferentes aqueles que já estavam completamente imersos na experiência.
Viriam então a seguir, os grandes Testament, que ergueram um palco digno das verdadeiras digressões nos anos oitenta, no pico da fama do thrash metal. Embora com grande garra, e uma formação actual de luxo que conta outra vez com o magnífico Gene Hoglan na bateria e Steve DiGiorgio no baixo, não foi o suficiente para garantir uma atuação mais memorável. O que é pena, pois o público pedia sempre por mais. Mas quando mais de metade da setlist recai para temas mais recentes, que não são terríveis de todo mas que não detém da mesma força como um clássico do The Legacy, por exemplo. É de facto uma pena. Não desprezando a grande entrega de todos os membros, e o contínuo moshpit e muita gente a voar até as grades. O divertimento foi grande e a boa disposição reinava. Os pontos altos do concerto foram de facto as pujantes Into the Pit, seguida de Over the Wall que não deixou o pico de energia morrer tão cedo.
Depois de um grande intervalo, o palco desmontado, a única coisa visível era a bateria dos vikings que iriam tomar conta do palco até o final da noite. No momento em que as luzes se apagaram e a introdução habitual se desenrolava, ouvia se um rugido tremendo da plateia que mal podia esperar pelo espectáculo que os suecos iam apresentar.
Entraram com excelente energia ao som da “The Pursuit Of Vikings” que pôs de imediato toda a plateia num uníssono, a gritar a plenos pulmões. Seguida de “As Loke Falls” com um público já mais que rendido. E aproveitando a pujança inicial, Jomsviking foi o foco desta primeira parte, com direito a uma luta de dois guerreiros encenada no palco. Que convém referir estava construído de uma forma sublime com adereços e telas que mudavam a medida que iamos avançando, dando a entender a grandeza que os Amon Amarth finalmente atingiram. “Cry of the Black Birds” chegou depois de um solo de bateria, e foi recebida de braços abertos, com uma plateia incansável. O que só mostra a força destes temas mais antigos da banda. E é esta a nota negativa que mais pesa. É extremamente complicado para uma banda com tantas músicas que o público quer ouvir, gerir esse feedback. Consoante isso, foram deixados muitos “hinos” bem adorados. Em prol de material mais recente e talvez mais acessível. É um malabarismo complicado, podemos argumentar quando se tem um catálogo de álbuns para escolher espalhados quase por duas décadas.
Mas isso dificilmente abrandou este navio, que continuou a navegar pelas águas agitadas, culminando na bruta entrega da banda na “Destroyer of the Universe” que iniciou um moshpit de proporções gigantescas. E uma secção rítmica estrondosa na “Death in Fire”, culminando da viagem que é a “Runes to my Memory” e o soco da “War of the Gods”.
Dando origem a um encore cinematográfico, que começou a puxar as últimas forças da plateia com “Guardians of Asgaard” e a “Twilight of the Thunder God” que teve direito a uma tela que fez jus ao nome, com sons e animações de relâmpagos, enquanto aparecia uma serpente gigantesca que o Johan Hegg iria tentar abater com um martelo, materializando e personificando o próprio Thor. Fechando assim a noite de uma forma poderosa, ainda com o público em êxtase mas já sem forças. Resumindo: uma usurpação viking que se impôs ao longo da noite.
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Organização:Prime Artists
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quinta-feira, 17 novembro 2016