Reportagem Anthony and the Johnsons
João Pontes
Graziela Costa
A Orquestra Sinfonietta de Lisboa entra de mansinho, ocupa o seu lugar no palco e mira o público à sua frente.
O recinto amplo e esverdeado, ladeado por bancadas e repleto de cadeiras está já à espera de Anthony and the Johnsons. O piano olha para o violoncelo e ambos se prepararam para o concerto Cut the World. Ninguém diria que a sombra gigante que entra no palco vestida com um manto preto seja dona da voz que encanta milhões.
Anthony esboça um sorriso e esgravatinha no ar um ‘Boa noite, Cascais’. "Rapture" é a primeira música do cantor americano, numa noite em que visita muitas das músicas que o fazem cantor enorme. Há 3 anos que começou a tocar com orquestras e não se pode dizer cobras e lagartos da sua escolha. "I fell in love with a dead boy" consegue chegar mais alto com as cordas e sopros lisboetas a içarem-na. Anthony gesticula, faz pose, é maestro das suas músicas e puxa pelos dedos e pulmões que de trás o vêem.
O público segue o feiticeiro preto e bamboleia-se em todas as músicas. Não há letra que não seja conhecida, que não queira dizer algo a alguém. "For today I’m a boy" é um dos pontos altos da noite. Outro é Anthony a discursar sobre a humanidade que está na sua infância. “Nature is our mother. And… When we’re children, we learn to destroy very quickly. We puncture our mother in her womb and many good things will come out. Oil, timber, gold…”. Anthony prosseguiu as suas ideias e disse acreditar que o futuro será algo para o qual ainda nem existe conceito actual. Disse ser esse o seu papel, inspirar alguém mais prático na plateia a aplicar o ideal que proclama pelo Mundo.
A noite vai longa e Anthony and the Johnsons faz vénia com a Orquestra. Saem, fazem compasso nos bastidores, quiçá falando da notícia no dia (Gronelândia degela com rapidez sem precedentes). Voltam e Anthony dá a muitos o que queriam desde o início: "Hope There’s Someone". Só uma picuinhice, coisa de nada quase. Anthony levanta a música e quando está quase a trazê-la para os píncaros da sua voz, faz uma incursão pelo maravilhoso Mundo da música das baleias. Estranho, mas não arruinador da noite. Dá para contar aos netos.
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Texto: João Pontes
Foto: Graziela Costa
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sábado, 20 dezembro 2014