Reportagem Apocalyptica no Porto
Depois do adiamento da digressão europeia, os Apocalyptica regressaram finalmente a Portugal para apresentar a novidade “Shadowmaker”, tendo actuado na passada segunda-feira no Coliseu do Porto. A sala, embora não lotada, estava bem composta e repleta de fãs ansiosos pela chegada do colectivo finlandês.
Foi ao som dos entusiasmantes acordes de "Reign of Fear", retirado do novo álbum, que a banda deu início a uma enorme festa. O concerto prosseguiu com a interpretação de “Grace” e “I’m Not Jesus”, sendo que esta última música marcou a entrada em palco do vocalista Franky Perez, uma presença regular ao longo da actuação. Contudo, apesar de possuir uma voz bastante agradável, foi o elemento que menos se destacou e, consequentemente, os momentos instrumentais acabaram por ser os mais memoráveis.
Além disso, aquele inevitável sentimento de nostalgia faz com que queiramos ver os Apocalyptica a dar uma roupagem clássica a hinos incontornáveis do heavy metal. Foi com a magistral “Master of Puppets”, uma das mais acarinhadas composições dos Metallica, que a banda nórdica realizou a primeira incursão pelo universo da música pesada. A celebração do legado do grupo norte-americano continuou com a empolgante “Seek & Destroy” e, já durante o encore, “One “.
Como é habitual, homenagearam ainda os brasileiros Sepultura com poderosas interpretações de “Inquisition Symphony” e “Refuse/Resist” e o mítico pianista e compositor norueguês Edvard Grieg com “In the Hall of the Mountain King”; foi também nessa altura que reproduziram a melodia de “A Portuguesa” ao mesmo tempo que a bandeira nacional aparecia nas projecções de palco (verdadeiramente surpreendentes durante todo o espectáculo), levando a audiência a cantar orgulhosamente o hino português. Destacamos igualmente o talento e garra do baterista Mikko Sirén, a beleza poética de uma música como “Bittersweet” (um dos momentos mais emotivos da noite), a força de um tema como “Shadowmaker” ou o final enérgico com “I Don’t Care”, que fechou com chave de ouro uma excelente prestação. Alias, a noite foi tão satisfatória que nem mesmo um problema técnico conseguiu arruinar a boa disposição entre banda e público.
Na primeira parte, os australianos Tracer, que já tinham estado cá como banda de abertura dos Black Label Society, protagonizaram um concerto divertido e intenso onde o hard rock foi a palavra de ordem. Depois desta suada e genuína sessão de puro rock, esperamos vê-los em nome próprio num futuro próximo.
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domingo, 24 novembro 2024