Reportagem Aquaparque + Atlas Sound
Esta sexta-feira, dia 4 de Junho o Lux Frágil recebeu os portugueses do synth-pop, Aquaparque, e, o já nosso conhecido, Bradford Cox com o seu projecto a solo Atlas Sound.
Coube à banda portuguesa, constituída por Pedro Magina e André Abel, abrir caminho, apresentando-se, mais uma vez, como um colectivo musical dissemelhante àquilo que se produz em Portugal. Com sintetizadores, voz, teclados e mesa de mistura, este duo cria ritmos e sobreposições que estarão longe do óbvio. Com mostra do álbum lançado, "É Isso Aí", num reavivamento do pop português dos anos 80 em mistura com fragmentos a querer lembrar Animal Collective e ritmos africanos, apesar da originalidade e alma com que tocam, os Aquaparque parecem ainda não ter (ou querer) encontrado a harmonia de composição e sentido coeso na junção entre cada elemento instrumental e voz. Mas é certo que a pouco e pouco vão conquistando fãs que parecem gostar de dançar ao som deste leve e despreocupado som. Quando questionados acerca da difícil tarefa de definir o seu som, respondem “é um disco de música”; talvez seja mesmo esse o sentido da falta desse sentido.
Já por volta da meia-noite presencia-se o esperado regresso daquele que é, segundo os promotores e amigos, Filho Único, “uma das figuras mais icónicas do ideário da música independente dos últimos tempos”. O norte-americano natural de Atlanta, que encabeçou a decisão de reduzir o seu pagamento e baixar para metade os preços dos bilhetes do seu concerto (graças ao facto de grande parte do público local não ter capacidade financeira para presenciar o espectáculo), conta já com o lançamento de dois álbuns marcantes, sendo Logos o mais recente (que data de 2009). Atlas Sound funciona não só como epíteto mas é desde a sua infância o nome que representa a música e som do co-fundador de Deerhunter. Com o ambiente de harmonia próprio do som que flui simples e inocentemente da cabeça de Bradford, o público pareceu deleitado e enternecido entre temas como “Shelia”, “Attic Lights”, “Walkabout” e “Please Come Home”. Como refere Cox, “Ninguém quer ouvir algo que lhe soe estranho e o faça encolher porque é demasiado pessoal ou idiossincrático. As pessoas só querem ouvir coisas que já lhes soem familiares. Eu faço coisas pop realmente acessíveis, mas ao mesmo tempo, não tenho nenhum problema em fazer algo assustador ou só esquisito”.
Os elementos de guitarra gravados em loop em sintonia com a voz afável e delicada do norte-americano fizeram, mais uma vez, com que esta mistura sonora entre estranho e familiar nunca fizesse tanto sentido, tocando e justificando os fãs que gritavam por mais.