Reportagem Avenged Sevenfold no Campo Pequeno
Passaram 4 anos desde que os Avenged Sevenfold pisaram território nacional, estávamos então no Super Bock Super Rock, ainda no Parque Tejo antes de o festival mudar de casa, e com eles traziam o na altura fresco disco homónimo.
Desta vez, chegam ao Campo Pequeno com "Nightmare" às costas, e com uma formação diferente da que presenciámos há alguns anos atrás, pelas piores razões. Depois da morte do baterista "The Rev", os A7X continuaram a pisar a estrada com a ajuda de Mike Portnoy (dos Dream Theater) até que um novo baterista fosse escolhido – Arin Ilejay, dos Confide.
Os Sevendust cancelaram pela segunda vez (da primeira vinham abrir para os Disturbed) e foi aos portugueses Switchtense a quem couberam as honras de abertura. Acabados de chegar do GSM!Fest em Barcelos e com o Resurrection no horizonte, a banda da Moita, talvez das mais míticas no hardcore, contou com algumas mãos cheias de fãs que admitiram decidir ir ao concerto por sua causa. Também de disco homónimo na mão, apresentaram-no a uma sala mais composta para o que é habitual numa banda de abertura – sinal mais que bom – fazendo várias referências às boas bandas nacionais às quais damos tão pouco valor, nomeadamente os colegas For the Glory. Uma primeira parte bastante capaz, que puxou desde início ao mosh e aos encontrões.
Depois de vermos fotos do concerto do Ricky Martin, não sabemos ao certo quem terá ganho em matéria de cenários. O dos Avenged Sevenfold esteve montado já durante Switchtense, no entanto foi à entrada da banda principal que atingiu o seu ar mais teatral: três portões de cemitério onde se podia ler "A7X" e alguns efeitos de pirotecnia foram mais que suficientes para completar uma noite para muitos inesquecível, onde o último "Nightmare" predominou.
Entraram em palco com a atitude que lhes conhecemos e deu-se início a Nightmare, música que inicía o álbum de mesmo nome. Houve quem chorasse, houve que gritasse do fundo dos pulmões, mas durante Critical Acclaim o Campo Pequeno uniu forças para fazer com que M. Shadows não se ouvisse a si mesmo, como mais tarde veio a afirmar. Depois de uma paragem para agradecer aos fãs e relembrar o concerto no Super Bock Super Rock onde partilharam palco com os Slayer, pensasse quem quisesse que o ar tenro de Arin Ilejay o impediria de fazer estragos, durante Welcome to the Family (quase dedicada a ele mesmo), as provas ficaram dadas de que os dois bombos pertencentes a The Rev estão a ser bem usados.
Os dois guitarristas passeavam-se pelo palco, numa batalha de riffs um contra o outro, de onde Synyster Gates saía com um ar vitorioso e descontraído, ao mesmo tempo que atingia picos ridículos de agudos e volume, durante Almost Easy e Buried Alive, iluminados apenas pelo fogo que saía em tempo acertado das ombreiras dos portões.
Chegado o momento das dedicatórias, Vengeance puxou pela guitarra acústica e foi So Far Away a escolhida. Com comoção na voz, Shadows dedica a música ao ex-baterista e segue convenientemente para Afterlife, agradecendo repetidamente aos fãs pelo apoio e por terem esgotado a sala para os ver.
God Hates Us foi a última do novo álbum a ser mostrada, antes do encore. A matemacidade dos guitarristas foi louvável, continuavam a passear-se os dois pelo ambiente sinistro, bem como o baixista Johnny Christ e claro, o incontornável vocalista.
Uma escolha menos esperada foi A Little Piece of Heaven, onde Shadows teve de ser suportado por gravações da sua própria voz e do falecido baterista. No meio de uma óptima setlist, foi talvez a que deixou cair mais os ânimos de um público até agora em êxtase. Para a despedida, prometeram voltar "again, and again, and again", Bat Country reacendeu os fogos - literalmente - e os moshpits re-formavam-se.
Evidentemente, ninguém arredou pé da praça de touros, até que os californianos voltassem. O primeiro a regressar foi Zacky Vengeance, pousando o pé num dos estrados e iniciando por duas vezes Unholy Confessions, que só arrancou à terceira, com Arin no seu posto. Teria sido um final de noite perfeito, mas decidiram regressar para deixar cair a última gota de caos, pedindo o maior circle pit possível, enquando Gates dava o mote com riffs de Crossroads. De tão grande que era, tornou-se também no mais lento, já levados pelo cansaço de uma noite exaustiva.
Save Me foi definitivamente o fim de uma noite já longa, de calor e suor (apesar de a cobertura da sala estar aberta), com o baixo a pesar bastante nos ouvidos.
A manifesta vontade do vocalista de voltar a Portugal, dizendo que somos o melhor público para quem já tocou - nunca iremos saber se é exagero ou não - dá-nos à esperança de mais um regresso.
Uma coisa é certa, o Campo Pequeno esteve certamente à altura de uma noite de peso.