Reportagem Awolnation em Lisboa
Foi no passado dia 5 de Fevereiro de 2013 que os californianos AWOLNATION se apresentaram no TMN Ao Vivo para um concerto quase lotado. Apesar do frio que passava na cidade lisboeta, os portugueses não hesitaram em passar pela sala de espetáculos, imaginamos que muitos deles para averiguar se a banda americana ultrapassava o estatuto de one hit wonder – à custa de “Sail”, um dos grandes temas radiofónicos, quer nacional como internacionalmente, de 2012. Apesar do sucesso em terras lusas, marcado por um entusiasmo latente por parte do público e de um desempenho envolvente por parte da banda, os AWOLNATION acabaram por deixar marcadas no palco português algumas das suas inconsistências musicais.
Passemos por outros panoramas musicais primeiro. A primeira parte do concerto esteve no encargo de Itch, artista a solo que funde rap com electrónica ao apresentar o seu EP de estreia Manifesto Part I: How To Fucking Rule at Life. Atuaram também os Arcane Roots, os ingleses de Surrey que presentearam o público com um math rock frenético (apesar de pouco original). Fizeram o seu trabalho, mas não entusiasmaram o público por aí além, este esperando pela grande aparição da noite.
E assim esse momento chegou: a abertura dos AWOLNATION contou com “Megalithic Symphony”, tema do álbum com o mesmo nome de 2011, que serve de introdução quer ao concerto quer às sonoridades eletrónicas que marcam o trabalho de estreia nos californianos. No entanto, se assim esperávamos uma onda musical semelhante, em “Guilty Filthy Soul” reparamos claramente que os AWOLNATION não pretendem jogar com cartas do mesmo baralho – mas sim da maior quantidade de baralhos diferentes. Este tema conta, então, com um dedilhado de guitarra acústica a marcar o tempo, seguido de um refrão pop, com a voz bruta e rouca de Aaron Bruno, vocalista, por cima. Para uns pode soar refrescante, mas a incoerência de sonoridades musicais como em “Wake Up”, que parece indecisa entre uma introdução euro dance e um refrão regado a reggae, faz-nos lembrar um The 2nd Law dos britânicos Muse, que em todo o seu corte e costura de elementos musicais grandiosos faz com que a banda caia de rabo no chão várias vezes ao longo do álbum. Os AWOLNATION contam com o mesmo problema, infelizmente.
Não que se possa dizer que a banda americana não tem trunfos na manga – o maior sendo, sem dúvida, a prestação ao vivo. A energia eletrificante, tendo como “tubo de escape” o carisma de Aaron Bruno, contagiou o público português, que não hesitou em mostrar o seu entusiasmo em temas como “Not Your Fault” e “All I Need”, em jeito de singalong naquele que parece um tema gospel. Claro que o hit da noite foi a incontornável “Sail”, que já tinha posto ao rubro o público na passagem dos californianos pela edição do Festival Optimus Alive em 2012 e que não falhou nesta nova passagem por Lisboa. Chega a altura de um breve encore, e os AWOLNATION voltam ao palco para interpretar “Burn It Down”, na sua histeria frenética e “Knights of Shame”, o tema electro pop de fecho do concerto.
Serão os AWOLNATION um one hit wonder? Com esta prestação parecem demonstrar ambição suficiente para não o serem. Apenas podemos seguir o seu progresso e lembrar-nos de duas boas prestações em concertos em Portugal. Os fãs acérrimos certamente irão esperar uma nova passagem por cá.
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sábado, 20 dezembro 2014