Reportagem Beach House em Lisboa - 2018
A banda do canadá, Beach House, iniciou em lisboa a digressão que vem divulgar "7", o álbum mais recente e que provavelmente figurará em várias listas de melhores do ano.
Para a produção do disco convocaram Sonic Boom, que conseguiu de facto abrir o som da banda a um espectro mais amplo. Com a introdução de uma maior proeminência das guitarras nas melodias que guiam os versos ou os sintetizadores em quase hipnose, "Dark Springs", "Lemon Glow" e "Dive" são momentos-chave. Este novo dinamismo trouxe aos Beach House um público maior e uma postura diferente face ao mesmo. O coliseu também deixou comprovar que no palco a pose também já não é a mesma. E se o espetáculo de abertura a cargo dos Sound of Ceres parecia um pouco desenquadrado pela dependência de adornos visuais, a verdade é que a actuação principal vive agora em paz com vários artifícios.
Os Beach House de hoje vivem com o seu público. Algo que começou a ser ensaiado em Teen Dream (2010), como que um processo de desconstrução face a uma timidez crónica - será por aí que navegada a energia de uma banda que outrora encontrava o seu conforto máximo em palcos pouco iluminados.
Em Lisboa, apresentaram-se diante de um enorme ecrã de fundo, vultos e silhuetas de 3 músicos que se entregam com agilidade a um alinhamento que ganha a plateia logo às primeiras notas de cada canção. "Walk in the Park" e "Lazuli" são agora canções mais fáceis de partilhar com todos, eventualmente mais polidas mas a um custo. Alex e Victoria parecem seguir um guião pela maneira quase coreografada como as canções são sequenciadas em simultâneo com as animações visuais. Esta perda emotiva em prole de uma entrega mais extravegante diz muito sobre os Beach House de 2018: procuram um público maior, outros palcos e isso transparece quer na pose que nos momentos mais elétricos – “Sparks”, onde, por meio de toda a luz, conseguimos perceber que Alex e Victoria ainda se divertem bastante quando tocam só para si.
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sexta-feira, 28 setembro 2018