Reportagem Billy Talent

Noite de contrastes no Coliseu: Sights & Sounds apagados, e pela terceira vez em terras lusas num curtíssimo espaço de tempo, enquanto os Billy Talent se estrearam em Portugal com uma excelente actuação.

Quase directamente da margem sul do Tejo, depois de um concerto no pequeno palco de Cacilhas e uma passagem por Faro no dia anterior, os Sights & Sounds sobem ao palco do Coliseu, para abrir a noite. A voz de Andrew Neufeld não estava no sítio, mas iniciaram a rasgar com “Sorrows”. O público não parecia impressionado, nem ao longo de músicas rápidas como “Storm and the Sun”. Em noite de estreia, a pequena multidão não queria aperitivos, apesar das palmas da praxe, e o prato principal eram os Billy Talent. A apresentação de “Monoliths”, o único álbum da banda além do EP auto intitulado, não recebeu a aclamação que seria de esperar. “Neighbours” viria, no entanto, a ser um óptimo final. Melhor estava para vir.

Os canadianos Billy Talent visitavam pela primeira vez o nosso país, mas a lotação esteve perto de metade do coliseu. A escolha da música de abertura foi perfeita e não se podia pedir mais potência para inicio de espectáculo do que “A Devil In a Midnight Mass”. Desde cedo se verificou que os Billy Talent são uma banda coordenadíssima e que cada elemento cumpre o seu papel com nota máxima. Benjamin Kowalewicz não se cansou de elogiar um público devoto e um país “com mulheres lindas, e um vinho delicioso”. Seguiu-se “This Suffering”, para depois regressar ao álbum Billy Talent com “Line & Sinker”. No que toca à voz, Jonathan Gallant e Ian D’Sa foram sempre fulcrais, fazendo as segundas vozes de forma impecável, com especial destaque para a música “Surrender”. Um pouco mais tarde, chegaria a vez daquela que é quase uma imagem de marca dos canadianos. “This Is How It Goes” aumentou ainda mais a euforia da plateia, que desde o inicio do espectáculo acompanhava o vocalista nos versos e refrões.

A música seguinte não poderia começar sem que Benjamin aprendesse um pouco do calão português, para referir o tema da música “The Ex”. Um momento de descontracção e humor, num concerto que foi sempre muito bem disposto. Antes de se dirigir ao backstage, a banda tocou “Try Honesty”, uma das músicas mais cantadas pelo público. Como é evidente, ninguém deu o concerto por terminado, e os Billy Talent não fariam essa desfeita aos presentes. O regresso para encore foi a deixa para disparar mais um tema do último álbum “Devil On My Shoulder”, “Fallen Leaves”, e terminar em beleza com “Red Flag”. O resultado foi uma grande ovação para os Billy Talent, que tiveram direito a um público excepcional, apesar de terem provado que merecem uma casa cheia, com um concerto muito próximo da perfeição a todos os níveis.