Reportagem Black Bombaim no Porto
È extremamente gratificante olhar para os Black Bombaim e observar a evolução deste power-trio: criados inicialmente com o objectivo de combater o tédio que sentiam em Barcelos, transformaram-se eventualmente em algo sério, conquistando uma fiel legião de seguidores no nosso país e ultrapassando a barreira geográfica através de uma forte aposta no mercado europeu.
Depois da mais recente incursão pelo Velho Continente, onde visitaram a Grécia e a Bulgária, regressaram à Invicta para proporcionarem intensas viagens sonoras, que nos remetem para as atmosferas alucinantes dos Earthless e para os ambientes quentes e selvagens de uns Kyuss ou Sleep.
Num Maus Hábitos bem composto, todos tiveram direito a uma bela e suada sessão de stoner/space rock. Cada vez mais coesos, os Black Bombaim mostraram ser uma máquina bem oleada, com cada elemento a revelar-se um ingrediente fundamental na receita musical: Ricardo Miranda tanto explora um registo experimental, como se dedica a solos numa onda Hendrix, enquanto que Tojo Rodrigues (baixo) e Paulo Senra (bateria) formam uma sessão rítmica fenomenal. O resultado é uma química invejável e da qual poucas bandas nacionais se podem gabar, mas que acaba por ser inevitável quando falamos de três jovens músicos que cresceram juntos e que têm o palco como habitat natural. O setlist focou-se nas duas composições do mais recente “Far Out” – “Arabia” e “Africa II” –, intercaladas com outras músicas mais antigas.
Em cerca de uma hora, pudemos abanar o corpo e viajar com a mente, sendo notório que todos se estavam a divertir imenso – banda incluída. Alias, o entusiasmo era tanto que até houve encore, tendo o público sido brindado com mais uns minutos de excelência instrumental. No final, o sentimento era claro: foi uma noite fantástica – daquelas que qualquer melómano que se preze recorda para sempre.
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terça-feira, 17 março 2015