Reportagem Black Mountain no Porto

Passaram onze anos desde que os Black Mountain lançaram a estreia homónima, mas finalmente conseguimos ver o grupo canadiano no nosso país. Depois da passagem pelo festival açoriano Tremor, o colectivo oriundo da cidade de Vancouver parou pelo Hard Club, no Porto, para proporcionar aos presentes uma entusiasmante viagem revivalista. Não deixa de ser curioso ver uma banda genuinamente apaixonada pelos sons e valores de uma época que não viveu, mas que parece ter vivido tendo em conta a eficácia com que nos transporta para as décadas de 60 e 70, mergulhando num vasto oceano de referências que incluem nomes como Deep Purple, Led Zeppelin, Black Sabbath, Hawkwind ou até Pink Floyd.

Contudo, o que realmente separa os Black Mountain de outras bandas com espírito retro é a maneira como bebem da fonte do rock clássico e conseguem, ainda assim, desenvolver uma personalidade bem vincada. Junte-se a isto o facto de nunca terem cá estado – algo cada vez mais raro com a agenda forte dos dias de hoje – e compreende-se porque é que a Sala 2 do Hard Club se encontrava repleta de fãs e curiosos.

O início do concerto, infelizmente, foi marcado por problemas técnicos relacionados com um dos microfones, mas a situação foi eventualmente resolvida e não se registou mais nenhum contratempo. Com um setlist que misturou eficazmente novidades como “Mothers of the Sun” e “Florian Saucer Attack”com recordações como “Stormy High”, “Tyrants” ou “Wucan”, o grupo criou uma interessante viagem nostálgica, alternando entre a mais pura intensidade sonora e a inclusão de passagens melódicas e contemplativas. Todavia, essa constante mudança de atmosfera musical quebrou um pouco o ritmo da actuação, originando momentos altos e outros mais mornos. Ainda assim, a prestação do quinteto foi indiscutivelmente competente, destacando-se o encore ao som de uma poderosíssima interpretação de “No Hits”, que fechou com chave de ouro uma noite bastante agradável.

Antes, os barcelenses Killimanjaro chegaram ao Hard Club e ofereceram aquilo que sempre se espera deles: uma descarga de rock tocado com alma e recheado de riffs à Sabbath, atitude punk e uma energia absolutamente contagiante.