Reportagem Bon Iver em Lisboa
Ana Limão
Ricardo Almeida
Após um bom espetáculo registado em Lisboa, sugere-se a todos os que puderem estar presentes no concerto marcado para hoje à noite no Coliseu do Porto, que se preparem para uma noite que se antecipa deslumbrante.
Ainda a tarde ia a meio e já eram várias as pessoas que marcavam lugar na entrada e no hall do Coliseu dos Recreios. Com a plateia livre, era maior a preocupação em garantir, para mais tarde, um lugar bem próximo dos Bon Iver e do líder Justin Vernon. Numa altura em que predominam os festivais de verão, a praia, o calor e os concertos ao ar livre, os norte-americanos vieram quebrar essa escassez de concertos “fechados” com um espetáculo surpreendente que encheu a sala lisboeta.
Na primeira parte da noite, assiste-se ao concerto de Sam Amidon, sozinho em palco e munido de banjo e guitarra clássica, ao qual se junta, já próximo do final da atuação, um trompete e um violino. Mesmo consciente de que na sala se esperava Bon Iver, o americano não deixa de se envolver com a assistência, conversando e surpreendendo com a folk e country ideais como banda-sonora de uma tarde nas montanhas. Começando com “How Come That Blood” e seguindo com “I See the Sign” numa voz poderosíssima, canta músicas sobre dias passados nas montanhas e sobre histórias reais, como é o caso de “Prodigal Son”. Embora tenha sido um concerto breve, a postura de Sam espalhou euforia por todo o coliseu, que ontem acolheu milhares de pessoas. Já perto do final, e fazendo-se acompanhar do seu violinista e saxofonista, despede-se de Lisboa com “Saro” e “Relief”.
Já pouco pacientes pela longa espera, os fãs de Bon Iver aplaudiam e assobiavam enquanto aguardavam pela presença em palco de Justin Vernon e os nove membros que o acompanharam. Num palco transformado em caverna, com redes suspensas que mais faziam lembrar estalactites, pensou-se num cenário invernoso, mas que rapidamente se dissipa quando se ouvem as primeiras vozes robóticas de “Woods”. Sem perder o fôlego e impedindo a respiração, segue “Perth”, dois êxitos que fizeram arrepiar os fãs presentes. Continuando no recente disco homónimo, segue-se “Minnesota, WI”.
Ao vivo, as canções de Bon Iver ganham outra dimensão. Em palco, com a presença de bateria, saxofone, trompa, teclas e todo um conjunto eclético de instrumentos, é-nos permitido sentir a música de uma forma mais intensa e envolvente daquilo que ouvimos nos discos. Intercalando com o seu disco de estreia de 2007, For Emma, Forever Ago, ouve-se “Flume” e, logo de seguida, regressamos a Bon Iver para escutar “Hinnom, TX” e “Wash”. “Esperamos isto há tanto tempo! Obrigado por estarem aqui.”, diz Justin, emocionado, por ter à sua frente um público recetivo e tão entusiasta.
Entre projeções videográficas e luzes que enchiam e compunham o palco, ouvem-se solos estonteantes de saxofone e dos outros instrumentos de sopro em “Blood Bank”, fervorosamente aplaudido. “Hoje estou mesmo feliz” – confessa Justin, entre os primeiros acordes de “re:Stacks” – “não consigo explicar o que se sente daqui, não se trata apenas de estar aqui a tocar mas sim de vos ter aí”. Com estas palavras, que deixaram o público emocionado, seguiu-se a muito aguardada “Skinny Love”, que soube derreter os corações e fez soar o refrão tão poderoso que todos souberam cantar em uníssono. “Calgary” e “Beth/Rest” terminaram a primeira parte do concerto. Após os aplausos e assobios da praxe, a banda regressa ao palco para um encore curto mas intenso, ao som de “The Wolves (Act I and II)" e “For Emma”.
Aproximando-se do público e agradecendo a todos os que por lá passaram, Bon Iver, a banda, saúda todo o coliseu: não só aos que tiveram a oportunidade de estar na plateia, mas também a todos aqueles que ocupavam as bancadas superiores. De uma simpatia que contagia tudo e todos, Justin Vernon e companheiros deram um concerto surpreendente.
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Texto: Ana Limão
Foto: Ricardo Almeida
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sábado, 20 dezembro 2014