Reportagem Bon Iver no Campo Pequeno
Bon Iver chegam a Lisboa, transformando o Campo Pequeno, no que idealmente seria uma sala com cheiro a lareira, servindo de aconchego a uma noite de Outono.
A noite começa às 21h com as irmãs The Staves. Entre guitarras e ukeleles, Emily, Jessica e Camila Staveley-Taylor trazem ao imaginário as nuvens cinzentas e os campos verdes chuvosos do sul de Inglaterra.
Num Campo Pequeno em alvoroço, as melodias com notas folk, preparam uma entrada no campo emocional, que será vorazmente explorado por Bon Iver. Com aplausos sinceros de um público (maioritariamente feminino) agradado, as inglesas mostram-se verdadeiramente surpreendidas por serem tão bem recebidas.
Passam já 15 minutos das 22h, quando em palco se contam os nove membros da banda, divididas entre entre um conjunto eclético de instrumentos, evocando aquilo que podia oscilar entre uma tempestade ou uma manhã chuvosa na cama.
A plateia rende-se com os primeiros acordes de Perth. O estilo não facilitista e detalhado de Bon Iver surge continua em Minnesota e Michicant. O grupo tem vindo a preservar esta tendência ao longo da noite, arrancando efeitos musicais que correspondem ao território emocional que vai explorando ao longo do concerto.
Justin Vernon sinceramente agradado ao referir a sua anterior passagem por Lisboa, cidade "do amor", faz o mote para a apresentação de Towers, uma canção sobre a fase em que se começa a pensar em sexo, “na universidade”, como o próprio sugere a uma plateia cuja maior preocupação são ainda os exames nacionais.
Assumindo um papel de protagonista, Justin é impecavelmente servido pela sua entourage em palco, conseguindo uma intensidade de cortar a respiração em conjunto com as luzes e projeções que nos aguçam os sentidos até à sensibilidade.
Holocene vem com a promessa de uma música doce que se tornou um dos melhores momentos do concerto .
Seguindo neste clímax emocional, em Re: Stacks, Justin e a sua guitarra entregam-se a um público que não sabe agarrar a torrente de emoções suscitada por este solo.
Pouco depois chega Skinny Love, que entoado em uníssono por um público histérico, faz com que “arrepiante” seja insuficiente e até mesmo cliché para descrever este momento.
Beth/Rest fecha a primeira parte do concerto, mostrando um lado mais experimental, pouco usual na banda.
Justin volta e leva o Campo Pequeno ao rubro com todo o poder dos seus bateristas. Em jeito de despedida e cada vez mais intimista, o encore com Creature Fear e For Emma envolvem o ambiente numa fragilidade que está bem marcada no primeiro álbum
A noite fecha com o inesperado The Wolves (Act I and II) e com a promessa no ar de que a relação de amor com Lisboa não fica por aqui.
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sábado, 20 dezembro 2014