Reportagem Boris no MusicBox
A última passagem dos Boris por Lisboa já tinha deixado marcas. Na altura trouxeram os Growing até ao Lx Factory, e hoje, 4 anos depois, aliaram-se aos Russian Circles, que pisaram aquele palco o ano passado e aos Saadepara encher o Musicbox. Uma equipa forte que mostrou andar nestas lides do rock pesado já há muito tempo.
Depois de um concerto no Porto, Lisboa plantou-se em frente ao pequeno palco para assistir à tripla maravilha.
Os Saade fizeram as honras de abertura da noite. Projecto de guitarra e bateria, fez o que pode para combater o som escasso que lhes foi destinado no micro. Com alguma timidez, mostraram um rock barulhento, a dois, que serviu o propósito que trouxe os checos até terras lusas – o de abertura de dois grandes.
Seguiu-se o trio de Chicago, os Russian Circles, ainda com Geneva a gastar os últimos cartuchos e Empros no horizonte. Já se conhece a calma misturada de caos dos Russian Circles, já por três vezes (pelo menos) tivemos oportunidade de o comprovar, e dessas três vezes assistimos à mestria na guitarra de Mike Sullivan, que a vai arranhando com a maior descontracção possível. Tivemos espaço para uma viagem por toda a discografia, e "Death Rides a Horse" colmatou uma excelente prestação.
Chegou altura de cabeças de cartaz.
Só este ano, os japoneses lançaram 3 álbuns, justificando-se assim os 4 anos de ausência desde Smile, e a justificar igualmente a escolha de setlist, destinada essencialmente a Heavy Rocks, Attention Please e New Album. Os Boris decidiram que a noite era de rock e assim foi. Entre "Riot Sugar" e "Attention Please", houve espaço para mosh, empurrões, exibições de double neck bass guitars para mostrar que a pequena Wata se safa atrás da guitarra – se provas eram necessárias. Michio Kurihara, continua a esconder-se timidamente atrás de Takeshi, como se ser guitarrista dos Ghost não fosse razão suficiente para se deixar ver.
A setlist não foi demorada. "Party Boy" e "Spoon" deixaram ver a voz da guitarrista, e as alongadas "Missing Pieces" e "Aileron" fizeram a despedida, sem sombra de regressos para encores – não faz o género dos Boris regressar para um público com membros que até minutos antes de abandonarem o palco, estavam de joelhos a sentir as 3 guitarras e a pujança do baterista. Soou o gongo, como que toque de saída.
Quem há quatro anos os viu, sabe que esta não foi a sua melhor prestação. Foi no entanto uma noite bem passada, como não podia deixar de ser.
Para a próxima, esperamos que os quatro sigam o exemplo de Atsuo, metam o micro na orelha e mostrem mais j-pop para um público de raparigas histéricas.