Reportagem Broken Social Scene - Porto
Em 2010, os Broken Social Scene, banda originária de Toronto, partem em digressão rumo ao velho continente para a apresentação do seu mais recente disco de originais: “Forgiveness Rock Record”, lançado a Maio deste ano. Para Portugal foram agendados dois concertos: um na Aula Magna, Lisboa; e o outro na Casa da Música, Porto. Numa noite dominada pelo frio e pela chuva, a na Sala 2 da Casa da Música é, no dia 8 de Novembro, invadida por um público quente, dançante e, sobretudo, bastante entusiasmado, que aguarda ansiosamente a chegada dos Broken Social Scene ao palco, logo após o concerto dos Hipnótica.
Aos HIPNÓTICA, banda portuguesa no activo desde os anos 90, couberam as honras de abertura do palco para o grande concerto da noite. Vieram de Lisboa e trouxeram para mostrar "Twelve‐Wired Bird of Paradise", sexto álbum, lançado em Outubro. Black Glove (single de estreia do novo disco), Sun Palace, High Grass e Nico (do anterior album, "New Communities for Better Days", de 2007), são temas que foram ouvidos na curta mas boa prestação dos lisboetas. Muito bem recebido pelo público portuense, João Branco Kyron, homem que dá voz aos Hipnótica, mostra desde o início uma grande simpatia e empatia com o público, deixando este entusiasmado e contagiado pela sua postura extrovertida e humilde.
Quatro anos depois da última presença em palcos nacionais (na edição de 2006 do Festival Paredes de Coura), os BROKEN SOCIAL SCENE regressam a terras lusas para apresentar seu mais recente trabalho “Forgiveness Rock Record”, sem no entanto esquecer os êxitos de álbuns como “Broken Social Scene” ou “You Forgot it in People”. O colectivo indie‐rock do Canadá é composto por um enorme grupo de músicos que integram outros projectos paralelos, como é o caso de Stars, Metric e Feist, entre outros. Nesta noite, Kevin Drew e Brendan Canning, fundadores da banda, fizeram‐se acompanhar por Andrew Whiteman, Charles Spearin, Sam Goldberg, Justin Peroff, David French e pela belíssima Lisa Lobsinger.
Os canadianos dão início ao espectáculo com KC Accidental, momento essencialmente instrumental que serve para dar as boas‐noites ao público que se deslocou até à Casa da Música. Kevin Drew, simpático e sorridente, estabelece desde cedo com o público uma proximidade desmedida, proporcionando um ambiente descontraído ao ponto de chegar mesmo a tirar os jeans, demasiado justos, segundo ele, para que estivesse confortável. E, uma vez que é canadiano, tal como o próprio disse, veste ainda um casaco enorme, com o qual actua duante grande parte do concerto.
Sem perder o ritmo, segue‐se Texaco Bitches, single de estreia do novo álbum. A dinâmica sentida no palco é imensa, os músicos saem e entram em palco e trocam de posições e instrumentos consoante os seus papéis dentro de cada tema.
A presença de Lisa, embora fugaz, é intensa. A voz feminina, envolvida naquele meio, é como que a cereja no topo do bolo. Em temas como All to All ou Anthems for a Seventeen Year‐Old Girl, Lisa pôde mostrar a sua doce voz e graciosa postura. Com um groove bem‐disposto, Art House Director pôs toda a sala a dançar ou a bater o pé, através de sonoridades menos vulgares no universo indie‐rock, com recurso a instrumentos como a flauta tranversal, o trompete ou o saxofone.Os músicos abandonam o palco após o enérgico Meet Me in the Basement, deixando os presentes com vontade de mais espectáculo. Generosos, regressam para tocar Looks Just Like the Sun, Water in Hell e Ibi Dreams of Pavement (A Better Day).
Terminam finalmente, com Major Label Debut, uma actuação onde os oito músicos garantiram ao público do Porto um concerto repleto de genialidade criativa com quase duas horas e meia de duração, onde se pôde confirmar que todo o conjunto musical da banda é motivo para dançar, cantar, bater o pé ou até para um belo momento de air drum de olhos fechados por parte de elementos do público.
SetList:
- KC Accidental
- Texaco Bitches
- 7/4 (Shoreline)
- Fire Eye'd Boy
- Forced to Love
- All to All
- Stars and Sons
- Cause = Time
- Sweetest Kill
- Frightening Lives
- Love is New
- Art House Director
- Guilty Cubicles
- Superconnected
- World Sick
- Lover's Spit
- Anthems for a Seventeen Year‐Old Girl
- Ungrateful Little Father
- Meet Me in the Basement
Encore:
- Looks Just Like the Sun
- Water in Hell
- Ibi Dreams of Pavement (A Better Day)
- Major Label Debut
A noite termina com uma calorosa distribuição de abraços por parte de Drew e Spearin, entre a assistência.
Embora com certeza bem suados, os abraços foram sentidos e recebidos com entusiasmo e sorrisos por parte dos elementos do público.