Reportagem Brujeria no Porto
Grog
Os Brujeria estiveram na semana passada no nosso país para dois concertos, sendo que a última data teve lugar no portuense Hard Club. O lendário grupo do inigualável Juan Brujo, rejuvenescido após dezasseis anos de ausência das lides discográficas e em fase de promoção da novidade “Pocho Aztlan”, mostrou que a intensidade e o bom humor continuam presentes, tendo assinado uma prestação verdadeiramente pujante, daquelas que ficarão permanentemente registadas na nossa memória e que terão sempre um lugar especial no nosso coração.
Na verdade, as nossas expectativas já estavam bem altas mesmo antes destes senhores subirem ao palco - o que, em certos casos, pode constituir um problema se a banda não conseguir atingir o nível que dela se espera. Contudo, depois de testemunharmos esta actuação tão memorável, é seguro dizer que os Brujeria provavelmente nem sabem dar um mau concerto. Abrindo logo com o clássico “Raza Odiada (Pito Wilson)” e continuando a onda de irreverência e brutalidade com “El Desmadre”, rapidamente instalaram um ambiente de loucura.
O palco encontrava-se decorado com a mascote Coco Loco (a famosa cabeça decapitada) e, como não podia deixar de ser, a bandeira mexicana – um adereço cheio de simbolismo agora que Donald Trump saiu vencedor das eleições americanas. O Presidente eleito foi, como não podia deixar de ser, mencionado – e insultado - durante o concerto, na altura em que a satírica “Viva Presidente Trump!” ecoou pelas paredes da Sala 2. Ficou aqui provado que enquanto houver figuras públicas merecedoras do ódio dos Brujeria, eles cá estarão – ninguém está a salvo!
Ainda assim, convém clarificar que o ódio não foi a palavra de ordem nesta noite – na verdade, esta actuação foi, acima de tudo, recheada de diversão. Ao ritmo alucinante de um death/grind devastador, celebrou-se – frequentemente através de mosh - hinos como “Colas de Rata”, “Revolución“, “La Ley de Plomo”, “Consejos Narcos”, “División del Norte”, a obrigatória “Matando Güeros” e, para terminar em beleza, a divertidíssima “Marijuana”. Ruidosos, esmagadores e brejeiros – foi assim que os Brujeria se apresentaram e é assim que os adoramos.
Antes dos cabeças de cartaz, os Dementia 13 e os Grog mostraram que a música pesada em Portugal está de boa saúde. Os primeiros, inspirados por filmes de terror de culto, proporcionaram uma boa dose de death metal old school através de temas como “There Are Those Who Kill Violently” ou “Brotherhood of the Flesh”. Já os Grog, veteranos com 25 anos de experiência, revelaram-se demolidores com o seu death/grind extremamente rápido e técnico.
Quando tudo terminou, saímos da sala plenamente satisfeitos, restando agradecer às bandas e à Hell Xis por tornarem tudo isto possível.
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sexta-feira, 22 novembro 2024