Reportagem Bush em Lisboa
Foi um concerto de apresentação do novo ‘The Sea of Memories’ (2011), que tanto excitou como surpreendeu o público português, sedento de retornar aos tempos passados.
Ah, se o tempo voltasse... A nostalgia é o sentimento muito forte, essa saudade de alguma coisa ou de uma situação já passada. Ora, não é surpresa nenhuma de que os portugueses são, também, extremamente saudosistas, daí que a nostalgia tenha sido palavra de ordem no passado domingo, data em que os amantes da música acorreram e preencheram a sala do Coliseu dos Recreios. Qual a ocasião? A nova passagem dos britânicos Bush por Portugal, marcando o fim de um hiato de quase uma década. Foi um concerto de apresentação do novo ‘The Sea of Memories’ (2011), que tanto excitou como surpreendeu o público português, sedento de retornar aos tempos passados.
Se não se lembram dos Bush, não viveram os anos 90. Parte de um segundo movimento grunge (ou já de um post-grunge) os Bush foram das bandas com mais sucesso comercial dos anos 90. Porém, se envelhecidos, fique-se enganado que não estão esmorecidos. O conjunto liderado pelo famoso Gavin Rossdale mostrou em Lisboa, em pouco mais de duas horas, de que o entretenimento é chave e de que nada está esquecido entre os londrinos.
“Machinehead” foi o tema escolhido para começar o concerto. Tema de Sixteen Stone (1994), álbum de escolha para mostrar aos lisboetas os momentos áureos da carreira dos músicos, tratou de entusiasmar todos os presentes, com os riffs de guitarra de Chris Traynon a marcarem o passo e uma bateria sempre no pára arranca. Sem serem nada por aí além em termos de originalidade ou de contribuição musical (aliás, Rossdale ainda não se decide se quer cantar à Cobain ou à Vedder), os Bush mostram que o seu ponto forte está definitivamente na performance ao vivo: se “Everything Zen” e “Swallowed” agitam o público, é a mais calma “Alien” que emociona, exemplificando.
Destaque para “The Chemicals Between Us”, autêntico hino do final dos 90, para “Prizefighter”, dedicada a Cristiano Ronaldo e “The Afterlife”, do novo esforço, na qual Rossdale passou pelo Coliseu inteiro, abraçando e interagindo com os seus fãs. Sem ser demasiado comunicativo, o vocalista fez o que pode para agradecer a todos, no meio dos seus devaneios hiperativos pelo palco. Ninguém diria que já entra na segunda metade dos 40 e ninguém o leva a peito.
Já no encore, Rossdale e companhia decidem brindar o público com duas covers que mereceram um cantarolar em simultâneo massivo. "Breathe" dos Pink Floyd, vê apenas o carismático vocalista de guitarra acústica no palco e "Come Together" dos Beatles percorre o Coliseu na boca de todos os presentes. Bom interregno, este, que serviu de introdução à conhecidíssima "Glycerine" e, por fim, "Comedown". “Because I don’t want to come back down from this cloud” é algo perfeitamente aplicável a um público sedento como o português, que aproveitou todos os momentos desta volta aos anos 90. E com uma banda tecnicamente apurada como a dos Bush, até que vale a pena.
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sábado, 20 dezembro 2014