Reportagem Cansei de Ser Sexy em Lisboa
Com o lançamento do quarto álbum Planta, as Cansei de Ser Sexy chegaram a um patamar seguro da carreira. No entanto, o facto de terem atingido esse patamar não significa que Planta seja um bom álbum. Comparativamente aos grandes êxitos Cansei de Ser Sexy de 2005 ou Donkey de 2008, o recém-editado registo fica e ficará muito na sombra de tudo o que estas raparigas oriundas de São Paulo alguma vez fizeram.
De volta ao TMN Ao Vivo, local onde actuaram em 2011, desta vez mais vazio, antes de entrarem em palco, as Anarchicks tomaram conta de dominar a atenção dos presentes. Som contagiante mas que peca pela originalidade, onde o rock roça no punk mal amanhado e o visual é mais interessante do que propriamente o som vindo dos instrumentos.
Pouco passava das 22h e o público estava pronto e as luzes estavam luzes apagadas. “Art Bitch” lançou logo o mote para a dança e entra Lovefoxxx, que nunca perdeu qualidades enquanto frontwoman de uma banda que tem por base ideiais feministas constetatários, com um sorriso bem esboçado e uma felicidade por estar no país onde se pode expressar na sua língua nativa.
No entanto, sentiu-se no ar uma tentativa de continuar a lutar pelo entusiasmo que tinham quando começaram. Nota-se que estão cansadas e as ideias estão a escassar, e isso é visível no novo álbum que pouco ou nada tem a acrescentar ao reportório que incluem hinos como “Alala” ou “Let’s Make Love and Listen to Death From Above”, que, como era de esperar, foram as músicas mais celebradas. La Liberacíon de 2011 também foi revisitado algumas vezes, no qual um dos singles “City Grrl”, que da última vez contou com invasão de palco e jovens de lábios pintados (de preto, claro), na versão 2013 passou muito despercebida e com metade do entusiamo.
Sentimentalismos à parte, Cansei de Ser Sexy tornou-se numa banda que as pessoas continuam a gostar mas que perderam o entusiasmo e a dedicação, e cada concerto deixa de ser memorável para ser um regresso ao passado já desvanescido. Independentemente disso, o show prosseguiu, as canções de Planta pouco ou nada estavam sabidas pelos presentes, que intercaladas com outros êxitos como “Hits Me Like A Rock” ou “Move” deram o equilíbrio mímino necessário para um concerto no limiar do agradável mas não totalmente satisfatório.
Para terminar, apostar em “Frankie Goes To North Hollywood”para encore não é muito seguro, no entanto “Alala”, “I See You Drunk, Girl”, que conta Ana Rezende, que abandona os sintetizadores por momentos, são suficientes para puxar os ânimos para cima.
“Superafim” é aquela canção que tem uma base de fãs sólida neste nosso querido Portugal e do outro lado do oceano, e para tal, nada melhor do que terminar o concerto de hora e meia em bom português.
São mulheres ousadas, não haja dúvida, mas se o projecto “CSS” está com problemas, o primeiro passo é reconhecê-lo e solucioná-lo da maneira mais saudável. Estas conclusões chegam-nos por observação, que desde 2007, onde foi consagrada a primeira actuação da banda em terras lusas, que as Cansei de Ser Sexy cresceram muito, mas verdade seja dita, perderam e entraram em declínio com a saída de Adriano Cintra, o baterista e produtor. Melhor sorte para a próxima.
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sábado, 20 dezembro 2014