Reportagem Castello Branco no Porto
Nos últimos anos temos percebido que há uma nova corrente na música brasileira. Novos nomes, tendências e uma nova orientação que toca à MPB, mas que não se afiliam totalmente à herança do género. Os campos da nova Folk, da Pop e alguma da Synthpop brasileira, aos poucos, vão sendo descobertas pelo público português, e diga-se que, com mérito, essa aposta tem sido justificada.
Castello Branco, um dos mais atraentes nomes deste Folk que anda agora a surgir, é apenas mais um exemplo dos sucessivos músicos brasileiros que conseguiram agarrar o público (Silva, Cícero, Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante, Boogarins, a Mallu….), criar um carinho e um pequeno culto cada vez menos secreto. Bastava perceber a euforia com que se ouvia o nome de Castello Branco ser falado nas ruas de Lisboa, durante o Mexefest.
Acompanhado apenas por um guitarrista de apoio e alguns samples, o cantor agachado, inicia um concerto incrivelmente pessoal e intimista, despido e ao mesmo tempo tão rico e cheio. Começou com um instrumental, algo que Castello Branco sempre nos presenteou, quer em “Serviço”, como em concerto. Há solos desafiantes, numa tentativa dos dois músicos em palco se surpreenderem um ao outro transformando, assim, todos os seus concertos em momentos únicos e independentes.
Nota-se que Castello Branco ganha pontos pela sua sinceridade, pelo carinho que demonstra em palco e pela felicidade que apresenta ao contar as suas histórias ao público. Ao fim de uma hora, todos sentimos que somos grandes amigos dele, mas também de todos os elementos técnicos, das pessoas das suas histórias que tão brilhantemente eram descritas. Castello Branco é aquele músico que conquista, não só pela músicas mas também pela estima, pelo respeito e comunicação. O Passos Manuel poderia naquela hora de concerto ser uma espécie de gigante sala de estar, onde apresentou músicas novas, algumas ainda incompletas ou com uma semana de vida, outras salpicadas com erros nos acordes que acabam a dar piada à situação. Ouvir a apaixonante “As minhas mães” e sair de la de coração cheio e arrepiados com a fantástica performance vocal em “Crer-Sendo”. Ainda fomos convidados a dançar com a “Tem mais que eu” e a soltar o sorriso com a “Necessidade”.
Ao soar a meia-noite já de dia 11 de Dezembro, toda a sala entoou os “Parabéns” a Castello Branco, que celebrava o seu aniversário. Foi bonito e merecido. Vai ficar na memória do músico como um dos pontos altos de uma Tour em Portugal já ela rica em momentos para se recordar. No entanto, os verdadeiros momentos altos do concerto, aconteceram já no encore, onde o músico, sentado a beira do palco, sozinho com a guitarra, tocou, a pedido do público, “Céu da Boca”, o refrão da “Kdq”, bem acompanho pelo público, que continuou na segunda vez que se escutou “Necessidade” na sala. Desta vez num formato ainda mais intimo e despido.
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Organização:Bodyspace
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domingo, 24 novembro 2024