Reportagem Deolinda - Mafra
O Jardim do Cerco, junto ao Convento de Mafra, recebeu ontem, 20 de Julho pelas 22 horas, mais um concerto enquadrado no Cooljazz Fest.
Desta feita, a noite está a cargo dos Deolinda.
O espaço privilegiado do jardim, o recinto rodeado de árvores e a proximidade com a natureza criam o ambiente perfeito. Mas mais do que ambiente, as árvores proporcionam abrigo da chuva, que teimou em castigar o público durante toda a actuação. Ainda assim, são poucos os que se deixam vencer e a plateia esta bem composta. Pouco depois da hora marcada, a banda subiu ao palco com Se uma onda invertesse a marcha, tema de abertura de Dois selos e um carimbo, o último trabalho editado dos Deolinda.
Desde logo a vontade é de esquecer a chuva e a boa disposição de Ana Bacalhau espalha-se pelo auditório.
De início se percebe que o som está bem equilibrado e definido, chegando bem coeso a toda a extensão do recinto e assim se mantendo por todo o espectáculo. Não faltam temas do novo álbum, alguns já acarinhados pelos mais atentos ao projecto, como Fado Notário, cujo volte-face final empresta o nome ao álbum, ou “A problemática colocação de um mastro”.
A energia contagia facilmente o público e os temas, com as sólidas bases rítmicas do contrabaixo de Zé Pedro Leitão e dinâmina e personalidade firmes das melodias e jogos coloridos das guitarras de Pedro da Silva Martins e Luís José Martins, fazem a cama perfeita à voz versátil e cristalina de Ana Bacalhau, que não se poupa, durante as músicas e entre elas, a interagir e a brincar com o público, a conversar com a assistência.
Alternando sonoridades dos dois albuns editados, não ficam de fora temas já obrigatórios de Canção ao lado, como Mal por mal e o tão aclamado Fon-fon-fon.
Os habituais interlúdios que a cantora aproveita para contar a história das letras de Pedro da Silva Martins, escritas em grande parte com humor e perspicácia social, contribuem para o tom íntimo que pauta a relação entre quem está deste e do outro lado do palco.
Ana Bacalhau não se cansa, também, de agradecer tantas presenças num dia com condições tão adversas e o sentimento geral é de que não será a chuva a privar ninguém de um bom espectáculo. Pouco mais de uma hora volvida, 17 temas tocados, entre recentes e antigos, e está na hora das primeiras despedidas, com direito a aplauso em pé.
A Deolinda volta ao palco apenas por mais duas canções, fechando assim a actuação com o obrigatório e costumeiro Movimento Perpétuo Associativo.
“Vão sem mim que eu vou lá ter”, e nós fomos. Ensopados. Mas satisfeitos!
Assim termina o 5º concerto enquadrado no Cooljazz Fest, a decorrer em Cascais e em Mafra durante todo o mês o Julho.