Reportagem Dream Theater @ Coliseu de Lisboa
O quinteto americano formado por James LaBrie (voz), John Myung (Baixo), John Petrucci (Guitarra), Mike Portnoy (Bateria) e Jordan Rudess (Teclados) voltou a Portugal, a uma das mais emblemáticas salas do país.
A expectativa era grande e a sala estava cheia para assistir ao concerto daquela que é por muitos considerada melhor banda do mundo no activo, do ponto de vista técnico.No seu 24º ano de carreira e com o 10º álbum de originais acabado de sair, os Dream Theater são já o grande vulto do Progressivo. Os álbuns são tecnicamente perfeitos, as composições são únicas e os músicos são extraordinários.
Por tudo isto, a fasquia foi colocada muito alto e a curiosidade de ver toda esta máquina a funcionar ao vivo é sempre enorme.
Eram 22:30 quando o espectáculo começou e bastaram poucos minutos para que se percebesse que a expectativa, por maior que fosse, seria sempre atingida ou superada.
A tudo o que conhecemos dos álbuns e que foi reproduzido na perfeição, há que acrescentar o desempenho ao vivo, ingrediente fundamental para acontecer um bom espectáculo.
O ambiente familiar do Coliseu em tudo ajudou e deu asas à interacção com o público, muito a cargo do imparável Portnoy que, a acumular a esta função, transporta a secção rítmica por caminhos únicos e exactos. Labrie surpreende como frontman, trazendo um registo mais agressivo e quente que em estúdio, como aliás se espera.
O virtuoso Petrucci, com a habitual postura sólida em contraste à memorável velocidade nas cordas, conquista os ouvidos de todos. Rudess é ao vivo aquilo que já suspeitávamos ao ouvir os álbuns: entre as ambiências e arranjos, os solos incríveis e despiques com Petrucci, as teclas de Rudess dão uma cor ao espectáculo que precisa de ser vista para ser compreendida. Nas baixas frequências, Myung dá as cartas. Muito além de se ouvir, o baixo sente-se, mantendo a secção rítmica consistente e sempre presente, em parceria irrepreensível com Portnoy, mas deixando sempre espaço para construções melódicas que complementam e envolvem a sonoridade da banda.
Tecnicamente, os 5 revelam-se perfeitos e levam a cabo um espectáculo único, adorado e aplaudido por todo o público.
De negativo, há a recordar o som, que se encontrava aquém do que seria de esperar num espectáculo desta envergadura. No entanto, com o barulho das luzes, este contratempo fica um pouco passado para segundo plano e todos se concentram no que de bom acontece em cima do palco.
Após 2 horas certas, o concerto termina. O público pede mais, os músicos agradecem os aplausos, sorriem à multidão que os quer ver continuar, mas o espectáculo chegou mesmo ao fim, assim o comprovam as luzes de sala.
A multidão vai escoando, a pouco e pouco.
Mais tarde, pelas ruas de Lisboa onde se vai deambulando sem pressa à procura do carro, da paragem de autocarro ou da estação de metro, as opiniões parecem convergir: “Epah, foi brutal!”