Reportagem Editors em Portugal
Seja feita a piada que a banda de Tom Smith já adquiriu casa em Portugal, tudo devido ao facto das passagens regulares (e sempre bem vindas) dos Editors. Foi no Passeio Marítimo de Algés e no Palco Optimus que os britânicos actuaram pela enésima vez (já perdemos a conta) e mesmo assim continuam a primar pela classe. Desta vez e outra vez, a tournée de outono não falha Portugal, e é logo em dose dupla que os Editors mostram, novamente, The Weight of Love aos portugueses.
Muitas serão as hipóteses para explicar o downgrade do Campo Pequeno para o mítico Coliseu da capital, mas verdade seja dita, acabou por favorecer a banda, a relação palco-público e o som. Ainda antes da entrada gloriosa dos Editors, os belgas Balthazar ficaram encarregues de apresentar Rats, o segundo álbum de originais.
O acolhedor Coliseu não podia ser mais indicado para receber uma banda com o calibre dos Editors. Com uma progressão que vai do rock com traços laivos a post-punk em The Back Room e An End Has A Start à não tão bem recebida electrónica no terceiro álbum In This Light And On This Evening, é com The Weight of Love que Tom Smith e companheiros tomam uma direcção mais optimista sem saírem da sua área de conforto.
“Sugar” e “Someone Says” fazem uma breve introdução do que ainda está para vir ao longo de duas horas, mas é com “Smokers Outside The Hospital Doors” que o público começa a despertar, cantar efusivamente e a levantar os braços enquanto as lágrimas da nostalgia correm pela cara.
A mistura de clássicos que fazem o público vibrar, como “All Sparks” ou “Bones”, com canções mais recentes levam a que haja um momento um pouco mais morto para imediatamente a seguir levar uma espécie de pontapé de impulso. Foi o caso da versão acústica de “The Phone Book”, provavelmente um dos momentos mais marcantes e emocionais de toda a noite, ser logo complementada com “Munich” e a gloriosa “The Racing Rats”.
Tom Smith é um monstro em palco e a sua voz é impecável e inconfundível. Apesar de menos comunicativo num ambiente mais intimista, todo esse esforço é compensado na sua habilidade de captar a atenção do público e de se entregar por completo. “Honesty”, uma das faixas mais marcantes de The Weight Of Love conclui o primeiro segmento do concerto. Alguns trunfos ainda estavam para ser revelados.
Claro que a primeira despedida soa sempre a falso e tal verificou-se com o regresso ao palco. Os últimos contactos à discografia dos Editors faz-se através de “Bricks and Mortar” de In This Light And On This Evening, que inicia o começo do fim. Faltava naturalmente “Papillon”, que transformou o coliseu numa pista de dança, que aliada a um jogo de luz fantástico, se torna a necessária cereja no topo do bolo para acabar em perfeição.
São das poucas bandas que prometem voltar e voltam mesmo. Talvez este seja outro dos factores que explicam a evidente ausência de público. No entanto, só faz falta quem está e os Editors estarão sempre nas boas graças do portugueses. Venham quantas vezes vierem, a sensação é sempre como a primeira vez.
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sábado, 20 dezembro 2014