Reportagem Efterklang em Lisboa
Depois de um concerto no Porto, mais precisamente no Hard Club, no passado dia 30 de abril, e de uma viagem até Espanha, os dinamarqueses Efterklang regressaram a Portugal, para um concerto na discoteca Lux.
Ainda antes de ser possível a entrada, já existia uma fila com bastantes pessoas que queriam ficar na linha da frente. Mas para o caso não era preciso. O concerto esteve bem composto, mas havia muito espaço livre por preencher.
Assim que os elementos do grupo entraram em palco, começaram-se a ouvir aplausos, que atingiram a potência máxima no momento que o vocalista Casper Clausen dava um ar de si. O espetáculo iniciava coma belíssima Hollow Mountain, do mais recente álbum Piramida. Luzes destacadas para Clausen que, enquanto cantava com a sua voz imponente, deixava totalmente silencioso o público do Lux. Incrível.
Depois de um “Olá!” na nossa língua, seguiram-se as faixas Apples, que conta com um som vivo ainda mais orgânico e com uns vocais impiedosos, e a camaleónica Step Aside, onde a aposta num jogo de luzes retro e solitário era notável.
Entre músicas hipnóticas e extremamente sensoriais, o concerto vai ganhando alguma vivacidade pela descontração, sentido de humor e aparente à vontade de Clausen para falar com o público. Desde elogiar a discoteca que, segundo o próprio “tem uma personalidade própria” e os seus cocktails deliciosos, como distribuir presentes de outros países para o público, os Efterkleng foram criados as condições necessárias para um grande concerto.
A banda dinarmarquesa, que é constituída por Mads Brauer, Casper Clausen e Rasmus Stolberg, ganha ao vivo a importante ajuda de Katinka Vindelev, Martyn Heyne e Tatu Ronkoo, e apresenta nas suas músicas sonoridades altamente experimentais.
Desde linhas de baixo possantes a sons de maquinaria, os dinarmaqueses criam no cérebro dos presentes sensações que se acabam por transformar em emoções fortes. Exemplo disso Sedna e The Ghost, esta última a ser especial destaque por mostrar o pulmão (capacidade vocal) de Katinka Fogh Vindelev.
A dançante Between the Walls pôs toda a gente a bater o pézinho, chegando alguém a comentar ao nosso lado “esta é um grande som!”
Divertidos e sincronizados em palco, os elementos da banda conseguiam sentir o público só pelo olhar que colocavam em quem os assistia. Sempre com agradecimentos por o público os ter recebido tão bem, os Efterklang transpuseram para todos os presentes um aura de deslumbramento e simpatia.
Antes do encore ainda se ouviram Black Summer, The Living Layer e a muito aplaudida e festejada Modern Drift, tema sobejamente conhecido.
Regressados para um encore, os Efterklang colocam-nos em estado de transe, para mais tarde Clausen pedir a ajuda do público com estalinhos e sons bocais. Alike termina o concerto de um modo bastante peculiar e intimista: o vocalista coloca-se perto do público, sem microfone. Nem tal era preciso, dada a impetuosidade da sua voz. Depois, à frente, Stolberg e Ronkko ajoelharam-se para fazer percussão em pratos de metal. Nesta altura, todos os elementos da banda estavam posicionados na frente do palco.
O concerto acabava, com as despedidas dos seis músicos.
Foi uma hora e meia de espetáculo em que pudemos perceber que estes dinamarqueses misturam sons tão distintos como folk, post-rock e música eletrónica com tamanha qualidade que nós apetece pedir-lhes para repetir a experiência.
Ao vivo, as canções ganham outra cor. Foi bonito. Foi simples. Foi uma noite elegante.
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sábado, 20 dezembro 2014