Reportagem Enter Shikari em Lisboa
A estreia em nome próprio dos Enter Shikari foi marcada para o dia 8 de Janeiro no TMN ao Vivo. Depois de uma passagem por Paredes de Coura e da abertura para os Prodigy no Pavilhão Atlântico, muitos esperavam um concerto a solo por parte dos ingleses.
Não esgotou, mas o recinto encheu-se de fãs entusiasmados e ansiosos por hora e meia de temas enérgicos que incitavam ao mosh e aos pit circles.
Antes disso, estiveram em palco os Cancer Bats. A banda do Canadá contava com alguns fãs no público e animaram as hostes com bem mais força do que muitos contavam. O centro da plateia era um círculo aberto onde poucos começavam o mosh, para deleite do vocalista, Liam Cormier. O alinhamento contou com temas como “Pneumonia Hawk”, que abriu, “Sleep This Away” e ainda a favorita “Sabotage”, uma cover da original dos Beastie Boys.
Jà passava das 22h quando uma gravação composta por alguns clássicos dance dos anos 90 intercalados com uma voz masculina a fazer a contagem decrescente até ao início do espectáculo se começou a ouvir. Ansioso, o público alinhou na brincadeira, mas o que era mesmo esperado era a entrada dos Enter Shikari em palco. Palco esse pequeno e sem barreiras a separar a banda do público, facto que agradou bastante ao vocalista Rou Reynolds, como revelou mais tarde na sua conta de Twitter.
Logo no início ouviram-se “System” e “Meltdown” (ambas do último “A Flash Flood of Colour”), enquanto se voltava a formar um moshpit no centro da plateia. Tinha chegado mais gente entretanto e havia agora ainda mais adesão por parte do público. A banda, que combina elementos de pós-hardcore com outros sub-géneros que incluem metalcore, alternative metal e outros mais electrónicos, tais como dubstep e transe, possuem um som distinto e foram formando a sua legião de fãs em Portugal desde o início. Prova disso é a aclamação que temas mais antigos como “Sorry You’re Not a Winner”, “Return to Energiser” ou “Mothership” (do primeiro trabalho, “Take to the Skies”) recebem durante um concerto assim. Até pode contar com pouca gente, mas se medirmos o sucesso pela adesão do público, cresce rapidamente perante os nossos olhos.
Os ingleses procuraram durante todo o tempo aproximar-se ainda mais dos fãs. Por não haver barreira, foram constantes as subidas ao palco de fãs para se atirarem em crowdsurfing. Enquanto isso, o Rory Clewlow partilhava a guitarra com pessoas do público, enquanto o baterista Rob Rolfe encantava com o seu bigode falso (que misteriosamente perdeu perto do final da noite). Já o baixista Chris Batten subia a tudo quanto podia para incitar a multidão. «Quatro vezes em Portugal não foram o suficiente», ouvimo-lo dizer a dada altura.
O som não estava no seu melhor e durante alguns temas o feedback chegava a ser doloroso. Apesar disso, a maioria não parecia preocupar-se muito. Pelo contrário, pareciam ainda mais entusiasmados quando o final se aproximava e ouvíamos temas de “Common Dreads”, tais como “Gap in the Fence” (para o qual Rou pegou numa guitarra acústica, deixando de lado por momentos os sintetizadores) e “Juggernauts”. A duas músicas do final, ouviam-se pedidos para “Zzzonked”, mas antes do encore não a ouvimos. Em vez disso, a já antiga “Mothership” despoletou nova onda de energia.
Depois do encore, as coisas começaram mais calmas, com “Constellations”, um tema com bastantes mais fãs do que seria de esperar. “Pack of Thieves” seguiu-se, mas foi precisamente “Zzzonked” a dar por findada uma noite onde as pausas entre músicas foram muitas, mas o necessário para todos os presentes ganharem fôlego para enfrentar o que se seguia.
Os fãs ficam à espera do retorno, mas até lá saímos todos a dançar ao som de Jock Jams, e a relembrar os anos 90. De alguém que esteve no concerto de Enter Shikari no festival Paredes de Coura em 2010, posso dizer que este não foi tão bom. Por mais que o contacto com o público faça a diferença e dê outro tom a um espectáculo, a verdade é que pausas em demasia podem quebrar um pouco o ritmo de um concerto. Apesar disso, levam nota positiva no esforço, humildade que continuam a demonstrar e relação com quem fez deles o que são: os fãs.
-
Organização:Everything is New
-
sábado, 20 dezembro 2014