Reportagem Feeder - Porto
A noite no Hard Club era feita de expectativas. Feeder, a banda galesa de rock alternativo, deu o concerto que havia sido cancelado em Janeiro por "motivos de agenda". Embora não seja o nome mais sonante, a banda manteve-se subtilmente no mainstream, especialmente ao longo da década passada, com singles que trazem memórias mesmo a quem não crê conhecer de nome o grupo. Seja pela sua contribuição massiva na cena musical do Reino Unido, ou pela sua participação na O.S.T. de vídeojogos como o franchising Gran Turismo, Feeder manteve um historial constante até os dias que correm.
Às 21h entraram em palco os Utter, banda de abertura. O grupo de Braga cativou o público com o seu rock alternativo à la 30 Seconds To Mars. Fosse o glamoroso casaco do vocalista ou os ataques epilépticos que este simulava, ainda que timidamente, os Utter criaram o ambiente propício para um Hard Club ainda por aquecer. Para além de promoverem o novo álbum, "Empty Space", a sair em Maio, a banda mostrou-se também grata pela oportunidade e mimou os fãs e amigos que os apoiaram. Numa parte instrumental, João – o vocalista – saiu do palco para descer até ao público e cumprimentar algumas caras conhecidas. Essa humildade criou a empatia necessária e quebrou o gelo de uma sala que era apenas meia cheia (ou meia vazia, dependendo do ponto de vista).
Os bracarenses deixaram as portas abertas - no pun intended - para Feeder, que começam (e terminam) o concerto com o célebre tema de The Good, the Bad and the Ugly, de Ennio Morricone! O cenário em palco mostrava a capa do último álbum da banda, “Renegades”, com o nome da banda e o retrato de uma mulher de carapuço a cobrir a cara e um skate bem old school.
A set list que nos vieram trazer contou com vários temas do mais recente trabalho dos britânicos, a destacar "Renegades", "Sentimental", "White Lines", "Home" e "Call Out". Como seria de esperar, apesar da promoção aos novos temas, a banda tocou singles (e não só) dos álbums anteriores. "Insomnia", "Buck Rogers", "Just the Way I'm Feeling", "Seven Days in the Sun" e "Just a Day" souberam, realmente, pôr um sorriso e um toque de nostalgia em qualquer um dos presentes. O ambiente era relativamente tranquilo, com alguns sing alongs e um público bastante heterogéneo, representado por grupos de amigos nas casas dos 20/30 anos de idade, algumas caras mais novinhas, espanhóis e outros turistas. Grant Nicholas, vocalista, comentou o facto de já cá não tocarem há cerca de uma década!
Assistiu-se, no geral, a um concerto tranquilo, de uma banda que foi, acima de tudo, uma surpresa em palcos portugueses. Uma surpresa muito agradável, diga-se.
A actuação ficou também marcada pela informação de que o dinheiro proviniente dos downloads do último single será revertido na sua totalidade para a British Red Cross, com o intuito de ajudar as vítimas do tsunami no Japão, país natal de Taka Hirose, baixista da banda.