Reportagem Flying Cages no Porto
Numa noite inteiramente dedicada à música portuguesa, o Maus Hábitos recebeu as actuações de dois nomes emergentes: Them Flying Monkeys e Flying Cages. Os primeiros, oriundos de Sintra, foram responsáveis por iniciar a noite de concertos, proporcionando a todos os presentes um belo aquecimento através de uma sonoridade enraizada no psicadelismo actual e que pisca o olho a nomes como Temples ou Pond. Desenhando encantadoras paisagens de uma pop sonhadora e inocente e colorindo-a com explorações instrumentais tão poéticas como aventureiras, despertaram em nós a vontade de dançar mas também de relaxar na companhia destes sons inebriantes, na certeza que essa viajem sonora nos levaria a bom porto. Uma banda ainda em evolução, mas com muitas ideias e um potencial que nos assegura que o futuro da música nacional é efectivamente risonho.
Seguiram-se os Flying Cages, ainda em fase de promoção ao mais recente “Woolgather”. Inegavelmente competentes naquilo que fazem, pecam pela quase surreal falta de originalidade, numa excessiva colagem aos britânicos Arctic Monkeys. Escutar temas como “Your Friends” ou “A New Shape” é um processo agradável pela qualidade descontraída que estas composições possuem, mas torna-se difícil em determinadas alturas abstrairmo-nos da esmagadora semelhança ao grupo liderado por Alex Turner. Todavia, o espírito deliciosamente indie das coesas músicas que assinam, a atmosfera despreocupada e divertida, por vezes de forma autodepreciativa (referiram que os Them Flying Monkeys estavam lá para que o público pudesse assistir a algo com qualidade) que instalam e o clima de proximidade entre banda e audiência fizeram desta sessão uma experiência positiva. Resta agora esperar que consigam um dia desenvolver uma identidade própria, arriscando mais e saindo da zona de conforto artística ao qual parecem presos. Têm capacidade para tal.
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quarta-feira, 07 março 2018