Reportagem Franz Ferdinand @ Campo Pequeno
De regresso a Portugal, depois do que foi um dos melhores concertos do festival Heineken Paredes de Coura deste ano, os Franz Ferdinand apresentam-se em nome próprio para um concerto que encheu o Campo Pequeno.
Para começar a noite, escolheu-se a banda setubalense The Doups, de atitude rasgada que tentou aquecer o público desta margem o mais que pôde. O ambiente foi frio, infelizmente, apesar de ocasionais fãs na fila da frente e alguma simpatia pelo rock que se mostrava através de Rought Times e I said do EP saído este ano. Num set que foi merecidamente pequeno, ficamos a conhecer algumas músicas do primeiro álbum a sair no próximo ano, Night Out e Now I'm Going e para terminar, o primeiro single, Try Lie Die Whatever.
Se pouco aquecidos ficamos com a actuação dos sadinos, os The Phenomenal Hand Clap Band não ajudaram muito na noite fria. As primeiras músicas pareciam alegres e fizeram mexer a sala, mas rapidamente se caiu um pouco na repetição. 15 to 20, seria a nota que lhes seria atribuída de modo geral, a banda tem grande potencial e um bom espírito, mas pareciam estar "no caminho" de quem veio para assistir aos reis da noite. Pela altura de I've Been Born Again, os lisboetas aplaudiram e despediram-se dos oito nova iorquinos.
Eis que chega a altura de dançar a sério. Numa espera impaciente, o público ia já formulando a setlist com os amigos, e à entrada dos 4 mosqueteiros, rebentou o histerismo. Kapranos pega na guitarra mágica e começa-se a ouvir No You Girls, com um tom de felicidade na voz. A energia em palco era imparável e em The Dark of the Matinée e Can't Stop the Feeling ninguém parava os lisboetas.
O formato individual ajudou certamente a que a performance dos Franz Ferdinand fosse mais explosiva do que em qualquer concerto que tenham dado em festival. O clássico Do You Wanna continuou a arrancar salto e gritos, até de quem estava na bancada, as cadeiras deixaram de ser úteis para passarem a ser um estorvo. Mas foi em This Fire que a loucura consumiu o Campo Pequeno, e seria apropriado que o incidente com o foguete vermelho no público que ocorreu só depois Live Alone e Tell Her Tonight, tivesse acontecido agora. Take Me Out provocou um burburinho por isso mesmo, mas rapidamente se esqueceu que houve "fogo" no meio da plateia. A atitude do público foi constante, e uma parte importante para o bom espectáculo, partilhando refrões com a banda em Ulysses, 40 feet - em que o microfone foi literalmente dado às filas da frente - e What she Came For. Em Outsiders já sentíamos o fim a aproximar-se. Monta-se uma bateria na frente do palco e todos os membros se reúnem à volta dela para uma jam sem preço. Cada um no se lugar iam esbofeteando a bateria e deixaram muitas bocas abertas.
De volta para um encore menos memorável, escolheram músicas pouco convencionais. Enquanto muitas bandas deixariam grandes clássicos para o fim, os Franz Ferdinand escolheram Walk Away e Michael para ocuparem esse lugar. Em All My Friends a união era ainda mais bonita, podíamos ver grupos de amigos a abraçar-se enquanto Alex perguntava "Where are your friends tonight?". Terminou como já tínhamos visto em Agosto, Lucid Dreams com uma disputa cerrada entre Alex e Nick nos teclados e na Paul bateria, os membros foram abandonando o palco, deixando o baterista para último.
Está ainda para vir um mau concerto da banda de Glasgow, em que o público não enlouqueça e em que eles não saltem em palco.
Isso parece completamente impossível.