Reportagem Fujiya & Miyagi no MusicBox
A segunda parte da rubrica MusicBox Series que visa proporcionar aos ouvintes lisboetas uma auscultação de alguns dos nomes emergentes no panorama internacional, e que irá reflectir a evolução de diferentes géneros musicais.
Não foi com espanto que a sala encheu com um público das mais diversas faixas etárias, chegando mesmo a esgotar apesar do infausto cancelamento para alguns de Peter Broderick, responsável pela primeira parte do concerto dos Fujiya & Miyagi, sendo este mais tarde substituído pela banda portuense, Swinging Rabbits.
FFFlecha, Jón Roque, Jonathan Tavares, Pedro Andrade e Sérgio Alves pisaram o palco do MusicBox por volta das 00:30 para a apresentação do primeiro EP da banda, "Tricks are for Kids", descrito pelos mesmos como um reflexo autobiográfico da experiência que é viver e sentir do crescimento que daí resulta. Inicialmente dois anos de DIY, produção e trabalho em progresso de quatro orelhas que mais tarde se multiplicaram e formaram mais uma banda com fortes influências das décadas de 70 e 80's com passagens notórias por sonoridades da Motown e pelo acid jazz sempre dançável de Jamiroquai sem esquecer uma ligeira mas interessante intervenção electrónica. Apesar de curto, foi um concerto aprazível e ecléctico (por vezes demais), com tendências divergentes que suscitaram o interesse por parte do público, que apesar de se encontrar presente para os exímios e mais que experientes, Fujiya & Miyagi, não deixou de se movimentar ao ritmo funk dos Swiging Rabbits que pisaram pela primeira vez os palcos lisboetas.
Não passava muito da 01:00 quando, aguardados impacientemente pelo público, Fujiya & Miyagi entraram em palco, enaltecidos e fortemente aplaudidos pelos presentes para a apresentação do novo álbum "Ventriloquizzing", numa primeira vez da banda em Lisboa.
A banda oriunda de Brighton estreou-se por os nossos palcos com "Cat Got Your Tongue" do último álbum do ano de 2011, sucessor de "Lightbulbs", do qual fez uma breve passagem por "Uh" a ritmos sintéticos e vigorosos aos quais sempre nos habituaram. As revisões pelos albuns anteriores continuaram, neste caso com "Collarbone" e "In One Ear & Out The Other" sendo esta última do album de 2006, "Transparent Things".
Fujiya & Miyagi focaram o alinhamento no novo album como seria de esperar. As revisões foram constantes, as sonoridades sempre ecléticas e dançáveis tanto de uma forma coordenada como energética e compulsiva, com distorções de guitarra com as quais Steve Lewis (Fujiya) se divertia particularmente, e com um sorriso sempre presente em David Best (Miyagi) que parecia não estar à espera do entusiasmo evidente dos espectadores em qualquer parte de sala.
O ponto alto da noite surgiu já no encore com "Ankle Injuries" onde a banda se mostrou veemente e satisfeita pelo reconhecimento notável de músicas dos álbuns anteriores e pela aceitação e intensidade com que o público recebeu com agrado "Ventriloquizzing".
Improvisos ensaiados que deixaram o público soberbo e em êxtase, onde mais uma vez, David Best divagou pelo Music Box com as suas distorções de guitarra. Com sintetizadores e teclados ligados, a banda despediu-se do público com "Electro Karaoke" e "16?" sendo que as últimas três músicas foram interpretadas com fragmentos umas das outras, intersectadas num ambiente mais intenso e de grande consideração que não deixou ninguém imune.
Para o encerramento de mais uma noite do Music Box Series seguiu-se Tiago Santos em DJ Set com passagens pelo soul e reggae que incitaram a sala para o encerramento da Heineken Series #2.