Reportagem GNR no Campo Pequeno
No dia 11 de novembro houve uma sala esgotada, à espera de um dos nomes incontornáveis da história da música nacional. A banda de Rui Reininho, Tóli César Machado e Jorge Romão foi a Lisboa para celebrar uns fantásticos 35 anos de carreira e pode-se dizer que estão de parabéns pelo seu percurso. De referir que a noite ainda foi mais especial pois o espetáculo foi gravado para posterior edição de um CD/DVD, assim como aconteceu com o anterior, em Guimarães, também este comemorativo da longevidade dos GNR.
Era para celebrar o passado de canções da banda que todos lá estavam e a apropriada "Bem-vindo Ao Passado" deu o ponto de partida para um concerto de sensivelmente duas horas e quinze minutos, para mais tarde recordar. Seguidamente as sobejamente conhecidas "Vídeo Maria" e "Efectivamente" irrepreensivelmente interpretadas, fizeram o público mexer-se, cantar e aplaudir no final. "Triste Titan", "Caixa Negra" e "Cadeira Eléctrica" todos temas retirados do mais recente álbum de originais do grupo portuense, mostraram que os GNR não desaprenderam a fazer boa música, mas "Ana Lee" naturalmente teve um impacto maior nos espectadores, que acompanharam Rui Reininho nas cantorias.
"Homens Temporariamente Sós" foi uma das surpresas da noite porque foi interpretada integralmente pela primeira convidada a comparecer em palco, Rita Redshoes. Uma boa e diferente versão desta música, que talvez tivesse ganho mais no caso de ter sido cantada, em dueto, com Reininho. No final do tema a cantora referiu ser uma enorme honra poder participar na celebração dos 35 anos dos GNR, os anos de idade que esta tem. Rita Redshoes continuou em palco para um excelente duo com Rui Reininho na "Dançar Sós", faixa que pertence ao álbum "Caixa Negra" e que conta com a presença da cantora. "Asas (Eléctricas)", "Bellevue", "Vocês", "Valsa dos Detectives", "Sete Naves" e "Impressões Digitais" deram continuidade a um concerto sem pontos baixos e recheado de clássicos, que contou com um Rui Reininho muito seguro no capítulo vocal e com a sua habitual presença sui generis.
Há 25 anos um dos temas mais emblemáticos do grupo portuense foi gravado, por isso havia um convidado que não podia faltar a esta comemoração. Falamos claro de "Sangue Oculto" e da presença do espanhol Javier Aldreu, um dos melhores entre os melhores momentos desta grande noite para a banda e para os fãs. Seguiu-se a rockeira "Las Vagas" e a recente "Macabro". A canção popular "Santa Combinha" interpretada por Isabel Silvestre foi o momento mais diferente da noite, servindo para apresentar a cantora que depois participou numa mágica "Pronúncia do Norte", uma das maiores e menos banais baladas da música portuguesa. Para variar a banda tocou a mais dançável "Nova Gente", para depois regressar às enormes baladas com "Morte ao Sol".
A banda saiu de palco mas obviamente que ninguém arredou pé porque havia alguns temas obrigatórios que a banda tinha de tocar. No regresso tocaram a curta e instrumental "Coimbra B" à qual se seguiu a inevitável "Dunas" que o público cantou a plenos pulmões. O concerto continuou em grande com "Quando Telephone Pecca" e a cover de Roberto Carlos, "Quero Que Vá Tudo Pro Inferno", que motivou o regresso ao palco do vocalista dos La Frontera, Javier Andreu, para uma agradável participação junto de Rui Reininho. O segundo encore teve direito às duas últimas músicas, "Sub-16" que fez muitos seguramente sentir a nostalgia da adolescência e "Mais Vale Nunca" que contou com a participação de um coro de crianças terminando o concerto da mesma forma que começou, em grande.
Há que parabenizar o Grupo Novo Rock pelos 35 anos de percurso e de grandes canções que marcaram a vida de imensos portugueses. Que continuem no ativo por muito tempo a lançar álbuns e a dar concertos como este, que foi verdadeiramente memorável. Agora é esperar pelo CD/DVD para reviver de algum modo este momento.
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sexta-feira, 22 novembro 2024