Reportagem Gala Drop no Porto

Como parte da celebração dos 86 anos do emblemático Rivoli, os lisboetas Gala Drop visitaram a Invicta para um espectáculo único, em que a música produzida tinha como base peças da oficina Arara. Mal entraram em palco, iniciaram uma cativante viagem musical assente no habitual caldeirão de influências, que vai desde o afrobeat a ritmos psicadélicos e texturas electrónicas. Na verdade, é impossível colocar o grupo num estilo ou universo específico, já que mesmo o conceito de nacionalidade acaba por ser irrelevante: os Gala Drop são portugueses, mas pertencem ao mundo e o que fazem quebra fronteiras geográficas, privilegiando o contacto com diferentes culturas e ideias; há referências a África, mas também à Alemanha, ao Reino Unido ou mesmo à Jamaica, com as ocasionais incursões pelo dub.

Contudo, essa complexidade a nível de composição é sempre exibida de forma coesa: cada elemento da banda desempenha eficazmente a sua função, formando uma orquestra inegavelmente sublime. Durante o tempo de actuação, tudo o que ouvimos soou empolgante, numa mestria instrumental soberba. Ainda que este espectáculo tenha sido cuidadosamente elaborado, a naturalidade com que o apresentaram foi verdadeiramente notável, deixando bem claro que Gala Drop ao vivo é uma banda confiante, experiente e genuinamente criativa. O ambiente dentro do Understage (que constitui uma excelente opção para concertos de cariz alternativo) era bastante bom – fruto também da reacção positiva do público. Olhávamos em redor e víamos pessoas de olhos fechados e com um sorriso na cara, sentindo intensamente a magia que emanava do palco. Uma saudável troca de energia entre banda e audiência, num local apropriadamente intimista e que permitiu que tudo fosse apreciado com mais detalhe e emoção. No final, enquanto subíamos as escadas e abandonávamos este pequeno espaço cujo carácter vanguardista contrasta com o tom clássico do restante edifício, pensávamos em como foi agradável termos assistido a tão belo serão.