Reportagem Giant Swan no Porto
Dois indivíduos, um conjunto imponente de maquinaria e pedais: foram estes os ingredientes necessários para a rave psicologicamente densa dos Giant Swan que experienciamos na passada noite de sexta-feira em mais um concerto no Understage, acolhedor espaço do Rivoli que ocasionalmente recebe algumas das propostas mais excitantes e ousadas do underground.
Pouco passava das 23h quando a dupla formada por Robin Stewart e Harry Wright deu início a este tão intenso quanto dançável ritual. Ainda que o som estivesse um pouco baixo – pelo menos para o que se pedia – rapidamente essa “falha” foi corrigida e imediatamente os nossos ouvidos começaram a ser severamente punidos ao mesmo tempo que a nossa alma era purificada - catarse atingida através do techno-not-techno da banda de Bristol, uma designação intrigante mas que faz todo o sentido quando se entra em contacto com esta sonoridade deveras singular.
Por esta altura o volume encontrava-se a um nível tão elevado que parecia estarmos a ser sugados para um buraco negro, e só nos restava abanar a cabeça e dar um pezinho de dança enquanto constantes arrepios invadiam o nosso corpo numa experiência (quase) indescritível. Batidas pulsantes conviviam com rasgos de noise esquizofrénicos, resultando numa performance mais ensurdecedora que muitos concertos de música pesada e surpreendentemente cativante – que o digam todos aqueles que, rendidos à arte deste fascinante grupo britânico, expressavam visivelmente o seu entusiasmo e contribuíam assim para a instalação de uma atmosfera inegavelmente divertida - diríamos até eufórica.
À medida que a actuação avançava o cansaço físico aumentava, mas em nenhum momento desejamos que o serão chegasse ao fim - enquanto a alma gritasse por festa, o corpo obedecia até não poder mais. Quando o momento da despedida inevitavelmente chegou, uma sensação de leve tristeza – mas ao mesmo tempo de imensa alegria – tomou conta do coração e abandonamos o Understage certos de que aquilo que vimos e sentimos jamais abandonará a nossa memória. Aguardamos agora o regresso – e porque não numa conhecida piscina de Barcelos para curtirmos (novamente) Milhões?
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terça-feira, 19 março 2019