Reportagem Ginger & The Ghost no Porto
Depois de terem passado pelo festival Milhões de Festa, em Barcelos, os Ginger and the Ghost e os Young Magic despediram-se do nosso país com um concerto no Maus Hábitos. A sala estava cheia (a entrada gratuita certamente contribuiu para esse agradável cenário), mas era notória a vontade do público em partir para uma noite de descoberta musical – uma celebração do verdadeiro espírito melómano. Afinal de contas, sabe sempre bem explorar novos projectos, sobretudo quando ficamos surpreendidos com o que vemos, ouvimos e sentimos.
Os primeiros a subir ao palco foram os Young Magic. Formados em Nova Iorque, mas com elementos oriundos da Indonésia, Austrália e Bolívia, o trio envereda pelos caminhos da pop sonhadora e da eletrónica serena, onde as influências new age criam uma relaxante viagem psicadélica por mundos paradisíacos. O resultado final é absolutamente envolvente, numa sonoridade que rejuvenesce a alma e nos liberta de quaisquer demónios interiores provocados pelo stress. Mais do que música, é poesia sonora… e cinematográfica, pois o colectivo conta com um excelente espectáculo visual, oferecendo um concerto calmo mas emocionalmente intenso. O setlist baseou-se nos temas dos dois álbuns de originais até agora editados – Melt e Breathing Statues –, numa estreia em nome próprio que deixou claro que estes Young Magic são uma banda especial e com uma identidade própria, ainda que ocasionalmente nos façam pensar nas doces e introspectivas melodias dos Blonde Redhead.
Seguiram-se os Ginger and the Ghost – duo australiano formado pelos artistas visuais Missy e Daniel. A exemplo do que já tinha acontecido com os Young Magic, os sons produzidos em palco foram complementados por uma panóplia de imagens. Contudo, a componente cénica foi muito mais enfatizada: o guarda-roupa de Missy era extravagante (no bom sentido, claro) e os seus movimentos enérgicos, mas talvez a performance da vocalista constitua simplesmente uma manifestação física da paixão que sente pela sua música. Seja como for, conseguiu conquistar a atenção dos presentes, até porque não é somente através da teatralidade que a artista se destaca: a nível vocal, encanta quem tem o privilégio de a ouvir, colorindo as ilustrações instrumentais da banda e transportando o ouvinte para um universo idílico.
De certa forma, o efeito acaba por ser semelhante ao dos Young Magic, mas a pop meiga dos Ginger and the Ghost vai mais além, mergulhando em busca de uma realidade utópica. Temas como “Where Wolf” ou “One Type of Dark” fizeram as delícias do público. Agora resta-nos esperar pelo regresso.
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sábado, 20 dezembro 2014