Reportagem God Is An Astronaut no Porto
Dois anos após a última passagem por Portugal, os God Is an Astronaut regressaram ao nosso país e, na primeira de duas datas por cá, conseguiram encher a sala principal do Hard Club – o que não é de estranhar, pois a admiração do público português pela banda liderada pelos gémeos Kinsella é bem conhecida. Ao som de “Reverse World”, retirada do último disco de originais “Origins”, o colectivo irlandês iniciou mais uma viagem pelo seu universo de sons delicados mas possantes, que tanto nos fazem abanar a cabeça como despertam a necessidade de sonhar e nos transportam para um mundo belo e sublime.
Seguiu-se um regresso ao passado, primeiro com “The End of the Beginning” e depois com “Fragile”, uma das mais icónicas composições do magistral “All Is Violent, All Is Bright”. No entanto, durante os momentos iniciais desta actuação, sentia-se que a banda estava a tentar encontrar o ritmo ideal, tendo sido durante a interpretação de “Echoes”, a quarta música da noite, que finalmente o alcançaram. A partir daí, o nível de energia manteve-se constantemente elevado, confirmando aquilo que já suspeitávamos: os God Is an Astronaut são cada vez mais uma banda de post-rock que tenta afastar-se das formulas associadas ao estilo, pois o ambiente que criam em palco é muito mais selvagem e imprevisível do que aquilo que vemos habitualmente em bandas do género. A atmosfera introspectiva dá lugar a palmas e gritos e a postura distante é substituída por uma pose bastante mais rockeira, onde se destacam os saltos de Jamie Dean para o meio do público, numa demonstração do seu lado mais extrovertido.
Todavia, o carácter belo e emocionalmente intenso das suas composições, onde uma doce melodia é revestida por camadas de distorção, faz com que não abandonem completamente o território do post-rock. De certa forma, ficamos com a sensação de que estão simplesmente a trilhar o seu próprio caminho sem, no entanto, renegarem o passado; aliás, as três novas músicas que apresentaram, incluídas no novo álbum que a banda lançará no próximo mês de Junho, remetem-nos para o material antigo e afastam-se do tom mais mecânico de “Origins”.
Para além das novidades, ouvimos clássicos como “When Everything Dies”, “Worlds in Collision”, “Fireflies and Empty Skies” ou a emotiva “Forever lost”. Para fechar com chave de ouro, no final de um encore em que o grupo nem saiu do palco, virando apenas as costas e pedindo à audiência que mostrasse entusiasmo quando voltassem às suas posições, ouvimos a mítica “Suicide by Star”. Depois deste regresso triunfante, a conclusão a que chegamos é que os God Is an Astronaut serão sempre bem-vindos, pois actuações poderosas e mágicas como esta nunca cansam.
Na primeira parte tivemos o duo lisboeta Quelle Dead Gazelle. A abrir pela segunda vez para os God Is an Astronaut, apresentaram um rock instrumental bastante interessante, guiado por entusiasmantes linhas de guitarra, tão melódicas como agitadas, e pela poderosa bateria do talentoso Miguel Abelaira.
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Organização:Amplificasom
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domingo, 10 maio 2015